Gosto de cadeiras. Encontro nelas personalidade e comportamentos de gente. Simples ou não, umas mais espartanas do que outras, mais arrebique menos arrebique, com estofo ou sem ele, não resisto a fotografá-las. Reparei nesta. Lembrou-me meninos que se recostam seja onde for, de qualquer maneira, a descansar das brincadeiras, algumas vezes apenas por curiosidade em descobrir de que forma sentem no corpo cada bocadinho do chão onde se deitam. Alguém diligente a colocara ali como cancela improvisada num espaço ao ar livre onde decorria uma festa de crianças. Achei-lhe graça, mas estranhei que a nenhuma tenha passado pela cabeça desafiar aquela vedação frágil, saltando-lhe por cima ou retirando-a dali. Talvez se tenham reconhecido nela pensando que, cansada de brincar, tinha adormecido no degrau.
M
1 comentário:
Da Bettips:
«Sim, é verdade. As cadeiras, a direito ou de espaldar arrebicado, os tronos dos papas ou reis, as de fórmica ou plástico, de palhinha, madeira-pau-santo ou não, ou almofadadas, as alentejanas cheias de flores pintadas, são (também) como a personalidade das pessoas. Quantas vezes, numa cadeira mais desconfortável, pomos uma almofada - e entre nós e a dureza ficará um estofo macio e protector. Ou brincamos à dança das cadeiras, e quem chegar primeiro é que "se senta"»
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