quinta-feira, dezembro 29, 2016

2017

Para todos nós neste mundo de sobressalto em que vivemos desejo que em 2017 sejamos capazes de ser mais pacíficos, menos tristes, mais felizes, mais justos, mais generosos, mais compreensivos, mais amáveis, mais tolerantes, mais sensatos, menos materialistas, mais humanos.
A todos abraço e a todos agradeço a companhia que me fizeram ao longo de 2016.
M

AGENDA PARA JANEIRO DE 2017



Dia 19 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia de Rocha/Desenhamento.

AGENDA PARA JANEIRO DE 2017

Proposta de Rocha/Desenhamento
Dia 5 - Ao jeito de cartilha: Proponho-vos que usemos a sílabaPa” para formar as nossas palavras. A palavra que cada um apresentar tem que conter a sílaba pedida e exprimir a imagem que lhe foi associada com sintonia clara entre ambas. Se houver preferência por um conceito, a regra a aplicar é a mesma, ou seja, ele tem que ser expresso por uma palavra que tenha a sílaba pedida. O texto que alguns de nós acrescentarmos é apenas facultativo e um complemento.
Dia 12 - Reticências com a frase “Um dia, ao amanhecer” a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
Dia 19- Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia de Rocha/Desenhamento.
Dia 26Fotografando as palavras de outros sobre o excerto
«Partiram imediatamente. A duzentos metros da quinta, Marat tomou Annie pelo braço e conduziu-a para um silvado; muito próximo, descobriram o desenho de um carreiro que descia entre as árvores. Um pouco mais longe um assobio fê-los ocultar-se no arvoredo; o cura e as suas tropas, em fila indiana, lançados em bicicleta, ultrapassaram-nos silenciosamente, quase roçando-os. De novo não mais do que os ruídos da Primavera: o coaxar das rãs, o trilar dos grilos, o apelo de uma coruja, o canto do rouxinol.
Depois, ao longe, o rolar de um comboio na linha principal.»
Roger Vailland, Cabra Cega

O DESAFIO DE HOJE

Proposta de Teresa Silva
Dia 29Fotografando as palavras de outros sobre o texto
"As digressões por Lisboa possibilitaram-me fazer um inventário sistemático dos museus que ia vendo e, quando já os tinha visitado a todos, comecei a tentar ver outras coisas, algumas menos acessíveis e menos óbvias. Havia uma curiosidade que fomentava tentar ver o que nunca tinha visto antes. E comportar-me como se fosse um estrangeiro na minha terra. Ou seja, visitar aqueles lugares que nós nunca visitamos porque estamos cá, visitá-los como se estivesse em Paris ou em Roma, com aquela ideia de as coisas não nos poderem escapar por podermos não voltar lá."
In: Anísio Franco, Caminhar por Lisboa, Porto Editora, Maio de 2016.

12. Zambujal

11. Teresa Silva



"...comecei a tentar ver outras coisas, algumas menos acessíveis..." 
Teresa

10. Rocha/Desenhamento

9. Mena M.



«Havia uma curiosidade que fomentava tentar ver o que nunca tinha visto antes.» 
Mena

8. M.

7. Luisa

6. Licinia



"... tentar ver o que nunca tinha visto antes." 
Alfama - Rua São João da Praça 
Licínia

5. Justine



(foto do Palácio da Independência, no Largo de São Domingos em Lisboa) 
Justine

4. Isabel


Candeeiro de Lisboa - "… comecei a tentar ver outras coisas, algumas menos acessíveis..." 
Isabel

3. Bettips



Foto tirada no Museu do Teatro Romano de Lisboa.
Bettips

2. Benó

O texto apresentado e sobre o qual nos é solicitado darmos o nosso olhar fala-nos de Lisboa. Há alguns anos que não visito a capital do império e as fotos que fazem parte dos meus arquivos, guardadas em álbuns, como era norma antes da era digital, são por demais antigas e sem qualidade fotográfica. Optei por esta imagem de S.Vicente que se encontra na Pousada do Infante, aqui em Sagres, por ser, não só o Padroeiro do Patriarcado de Lisboa como também o Padroeiro do Concelho de Vila do Bispo que institucionalizou o dia que lhe é dedicado, 22 de Janeiro, como feriado municipal havendo assim, uma ligação entre Lisboa e o Cabo de S.Vicente. Talvez gostem de ler este pequeno artigo que encontrei no blogue http://areense.blogs.sapo.pt sobre a lenda dos Corvos de S.Vicente que liga o nosso Promontório ao brasão do Município de Lisboa.
 
Lenda dos Corvos de S. Vicente

Um das mais conhecidas lendas é a dos Corvos de S. Vicente. Está historicamente registado que o monge Vicente “sofreu suplício até à morte em Valência” quando pregava o cristianismo. Os cristãos daquela cidade espanhola quiseram pôr a salvo o corpo do mártir e fugiram pelo mar. A viagem decorreu sem incidentes até chegarem a um promontório no Atlântico, altura em que uma tempestade os arrastou até “junto a uma terra muito bela com um grande promontório”. O mestre do barco disse-lhes que a terra se chamava Algarve e que o cabo se chamava promontório Sacro, antigo nome de Sagres. Devido aos estragos da tempestade, o barco encalhou entre Sagres e o Cabo de S. Vicente. Para fugir a embarcações piratas, os devotos desembarcaram a sua preciosa relíquia. O comandante do navio prometera-lhe continuar a viagem depois de passado o perigo dos corsários, mas nunca mais apareceu, pelo que decidiram construir na falésia uma ermida e um mosteiro em memória de S. Vicente. Será possível imaginar, sem dificuldade, o pequeno barco a percorrer as falésias douradas sucedendo-se a praias de areais claros, até chegar ao imponente promontório de Sagres, logo seguido do Cabo de São Vicente. Ainda hoje, muitos séculos volvidos, a natureza do lugar mantém-se impoluta e cheia de encanto. 
Continuando a lenda, o primeiro rei de Portugal D. Afonso Henriques, soube de um “lugar santo” a Sul onde estariam relíquias sagradas. Logo ordenou uma expedição, para as trazer para Lisboa, pois nessa altura o Algarve era ainda terra de mouros e não pertencia ao reino de Portugal. Todavia, o tempo apagara os vestígios da primitiva ermida e os cristãos que a construíram não se destrinçavam da população árabe. Porém, o capitão do navio ao navegar junto da falésia foi surpreendido por um bando corvos, e seguindo-os, o enviado do Rei encontrou o esconderijo onde estava o sepulcro. Extraordinariamente as aves, mantiveram o seu secular papel de guardiãs de S. Vicente, e nos mastros do navio seguiram até Lisboa. Em honra desta lenda, os corvos figuram nas armas da capital. Curiosamente, os corvos são das aves que se podem encontrar entre a avifauna da costa Sagres, marca desde sempre a história de Portugal, como um lugar de sonho e de Descoberta. 
Benó

1. Agrades

quinta-feira, dezembro 22, 2016

AGENDA PARA DEZEMBRO DE 2016

Proposta de Teresa Silva
 Dia 29Fotografando as palavras de outros sobre o texto

"As digressões por Lisboa possibilitaram-me fazer um inventário sistemático dos museus que ia vendo e, quando já os tinha visitado a todos, comecei a tentar ver outras coisas, algumas menos acessíveis e menos óbvias. Havia uma curiosidade que fomentava tentar ver o que nunca tinha visto antes. E comportar-me como se fosse um estrangeiro na minha terra. Ou seja, visitar aqueles lugares que nós nunca visitamos porque estamos cá, visitá-los como se estivesse em Paris ou em Roma, com aquela ideia de as coisas não nos poderem escapar por podermos não voltar lá."
 
In: Anísio Franco, Caminhar por Lisboa, Porto Editora, Maio de 2016.

O DESAFIO DE HOJE

Dia 22 - Jornal de Parede

13. Zambujal



JORNAL DE PAREDE 
Dois jornais do meu concelho 
- Notícias de Ourém e Notícias de Fátima – 
no mesmo dia, com a mesma capa… 
Posso limpar as mãos à parede 

pelas “notícias” vizinhas que tenho ! 
                                                                                                Zambujal

12. Teresa Silva



O Tejo visto do lado de lá. 
Teresa Silva

11. Rocha/Desenhamento

10. Mena M.

9. M.



Uma das salas de aula da Universidade Europeia de Lisboa. Muito interessante a adaptação que foi feita a este espaço tão antigo em que os azulejos foram poupados.

 «A Quinta do Bom Nome constitui um dos melhores exemplares de quintas da zona de Carnide, tendo a sua casa de habitação chegado até nós em razoável estado de conservação. Classificada como Imóvel de Interesse Público, traduz uma arquitectura residencial setecentista (séc. XVIII), objecto de intervenção no séc. XIX e de obras de recuperação e adaptação a novas funções no início do séc. XXI. De planta em forma de L, desenvolve-se em dois pisos e sotão, incluindo um conjunto de construções anexas distribuídas à volta de um pátio sensivelmente quadrado. O braço mais extenso do L corresponde à capela, de nave única com altar de camarim e tribuna, cuja fachada principal surge animada pela articulação de portal e janelão, assim como à restante frente principal da casa, onde cada um dos pisos é rasgado por sete vãos, janelas de peito no primeiro e de sacada no segundo. A entrada é efectuada através do portão que dá para o pátio, onde um lanço de escadas exteriores possibilita o acesso directo ao piso nobre. No interior merece destaque a decoração azulejar, com elementos de flora, fauna e cenas de caça, ainda visível em alguns salões.» 
Sítio da Câmara Municipal de Lisboa

8. Luisa

7. Licínia



Quem quer comprar?
Licínia

6. Justine



(foto de um memorial aos baleeiros que morreram na faina da baleação. No monumento estão escritos os nomes de todos eles, e foi erigido em frente dos armazéns das barcas baleeiras. Ao fundo, a montanha do Pico) 
Justine

5. Jawaa


Recordar ALEPO neste Jornal de Parede tem de ser a prioridade, de coração angustiado perante a impotência, a ineficácia dos Homens.
Continua a haver princesas que nem sonham existir no mundo quem não tenha um agasalho e para quem as luzes e sons de Natal são as da GUERRA no pior dos cenários.
O mundo ensandece, mas a esperança não acaba: há jovens, há Portugueses a ajudar no Quénia outros jovens a estudar, há quem acompanhe crianças em Moçambique, no Sudão ou na Birmânia, há um movimento de voluntariado entre os mais novos que me acalenta o espírito.
Que a menina da imagem cresça depressa para levar pela mão outros meninos mais frágeis, mais desamparados e saiba conduzi-los; com eles construir o mundo de paz que eu não vou conseguir deixar-lhe. 
Jawaa

4. Isabel



Desejo a todo os elementos do Palavra Puxa Palavra um Feliz e Santo Natal, na companhia de todos os que amam. 
Isabel

3. Bettips



Túmulo de D. Afonso Henriques "O Conquistador", no Mosteiro de Santa Clara, Coimbra. Além do que diz o epitáfio da pedra lavrada na frontaria, pormenor que tentei encontrar na wiki sem concluir exactamente o quê, há toda uma representação de artefactos que nos remete para uma verdadeira descrição da vida e obra do nosso primeiro rei. 
Bettips

2. Benó



Sagres é uma terra seca e árida fustigada pelo vento norte principalmente no verão. O outono e o inverno são amenos com temperaturas que poderemos considerar de primavera. No entanto, neste mês de Dezembro, uma forte granizada cobriu parte da vila com um denso manto branco. A atmosfera ficou limpa, purificada e respirava-se um ar leve e fresco. Isto aconteceu no principio da noite mas no outro dia, pela manhã, ainda se viam restos das pedras do granizo. Por ser um facto raro, merece bem ser Jornal de Parede.
Benó

1. Agrades

quinta-feira, dezembro 15, 2016

AGENDA PARA DEZEMBRO DE 2016

Proposta de Teresa Silva
Dia 22 - Jornal de Parede

O DESAFIO DE HOJE



Dia 15 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia de Teresa Silva.

10. Zambujal

As palavras saltam do olhar. De um olhar algo confuso perante uma mistura de planos e de luzes. De um olhar que procura discernir intenções ou mensagens para que dele saltem palavras que as traduzam. Dúvidas se não teria sido apenas um apelo estético a atrair o olhar e a guardá-lo na máquina. E, depois, para nos desafiar a encontrar palavras que tenham algum sentido. Ou coerência.

Zambujal

9. Rocha/Desenhamento

Olhar é um pouco maquinal e aponta-nos o ver — ver o que nos rodeia, ver o que parece emergir do que se trabalha no interior dos olhos dos outros. Como neste caso (bela fotografia de Teresa) onde o favor da luz em contraste com um contexto nocturno nos lega diversos apelos à imagem. Em plongé o olhar configura o enquadramento da máquina e abre melhor o meu olhar aos olhos de Teresa, espaço rodeado de seguranças em ferro redondo e branco, linhas de uma «escultura» de envolvimento, moldadas e rodadas, escultórica, uma luz dourada por ali, uma espécie de cascata na avaliação e na diferença, os olhos prontos a reter o voo dessa imagem funda e bela. 
Rocha de Sousa

8. Mena M.

Ao olhar a foto da Teresa, foram os novelos dourados que me chamaram primeiro a atenção, fazendo-me recuar aos anos, também dourados, que fui tricotando, dos quais, apesar da linha já se me ter acabado, guardo excelentes memórias.
Incrível as associações que por vezes fazemos...

Mena

7. M.

Batatas fritas palha! Foi o que me veio à ideia quando olhei a fotografia. Talvez brincadeira de meninos irrequietos entretidos a dar uso irreverente ao conteúdo dos pacotinhos oferecidos na festa de aniversário do amigo. É divertido atirar ao ar os pequenos palitos dourados e observá-los em equilíbrio instável no candeeiro, alguns prestes a esvoaçar até ao chão. Apanhei três de uma vez!, Agarra esse, não o deixes cair!, o riso ecoando no espaço amplo.
Se as mãos ficam engorduradas não importa. É prático limpar os dedos às calças ou ao vestido, e até tem graça fazer magia e transformar o que se veste em roupas brilhantes, a lembrar anúncios de mau gosto para certas comemorações.
Brinco apenas, associo-me às experimentações destes meninos imaginados.

M

6. Licínia

Estão lá os sinais de um outro tempo não muito distante em que interiores como este podiam ser locais de convívio e diversão. De uma partida de bilhar ou de póquer em mesa de quatro com seus cadeirões de arredondar o corpo. A entrada, em porta giratória, permitia ao mesmo tempo a abertura permanente e a protecção do exterior. As luzes e os espelhos davam o tom de magia, a necessária para quem ali procurava recreio e evasão. 
Não são assim os espaços que hoje nascem com propósitos idênticos. É outro o ritmo de quem os procura, sobejas vezes para se aturdir, se dissolver na multidão que não pára, não pára.
Talvez não seja nada disto o que a foto retrata, mas foi o que eu quis ver e assim escrevi.
Licínia

5. Justine

Entro pela porta giratória e subo, sem me deter no jogo de espelhos que me fazem lembrar Orson Welles e a sua Dama de Shangai. Lá de cima, na sala de bilhar, posso admirar sem pressas o surpreendente rendilhado dos lustres enquanto espero os amigos, que chegarão para uma bebida e uma amena conversa de fim de tarde. Estamos num café Art-Deco, numa qualquer cidade europeia, na década de 30 do séc.xx!
(ou de como as boas fotografias nos fazem viajar…)
Justine

4. Isabel

A porta giratória trouxe-me à lembrança o antigo café Avis, com uma porta giratória de madeira e vidro. Atrapalhava-me um pouco entrar por ela.
Era o café onde trabalhava o meu pai.
Nos domingos, quando íamos à missa, passávamos por lá para o cumprimentar, mas o meu pai estava demasiado ocupado e não nos dava muita atenção.
Seguíamos para casa: eu, os meus irmãos e a minha mãe e comíamos um gelado, se era Verão.
Tenho saudades daquele café emblemático, do qual já nada resta.
Tenho saudades da porta giratória, tão bonita.
Tenho saudades da minha infância.
Mas sobretudo, tenho muitas saudades do meu pai!

Isabel

3. Bettips

Emaranhado, enevoado, sobre as portas de vaivém dos dias: como tantas vezes os nossos pensamentos, ansiando por luzes que se acendam. Esperar a claridade.
Ou pormo-nos ao caminho, por saídas que nos levem à luz natural, como alguém cujos passos se antevêem na saída.
Bettips

2. Benó

Do céu caíram estrelas brilhantes e luminosas. Formaram-se num mundo suspenso por fios para iluminar sonhos e esperanças que esperamos se concretizem no novo ano que aí vem. PAZ, COMPREENSÃO, PERDÃO, AMOR.
Benó

1. Agrades

Olho para a foto e vejo luzes e brilhos, objetos decorativos dourados e prateados num varandim reluzente. Há uma porta que dará, talvez, para a rua. Uma mesa de snooker ou bilhar ou outro jogo sem parceiros. Tanto artifício sem o alvo a que se destina, pessoas. Será uma loja, um centro comercial, nas horas que fecha ao público para descanso, para limpezas? Mistério... 
Agrades

quinta-feira, dezembro 08, 2016

AGENDA PARA DEZEMBRO DE 2016



Dia 15 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia de Teresa Silva.

O DESAFIO DE HOJE

Proposta de Teresa Silva
Dia 8 - Reticências com frase “Pouco passava do meio dia” a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.

Que pena, Teresa e Luisa, que não tenham ainda podido participar no desafio de hoje. Pelos vistos o vosso computador está gravemente doente. Desejamos todos as melhoras da máquina! Que possa restabelecer-se a tempo de passar o Natal no Palavra Puxa Palavra.
M

11. Zambujal



Pouco passava do meio-dia…
                    e já era tarde! 
Não porque já fosse a tarde daquele dia, 
mas porque já pouco havia para viver 
                                  naquele dia, 
vivido que fora metade do dia. 
E era inverno e chovia.

Zambujal

10. Rocha/Desenhamento


Escultor José Rodrigues

Pouco passava do meio dia quando me telefonaram de uma extensão do Porto. Eu não conhecia nem a origem indicada como intermediária mas percebi que a chamada estava bem orientada por perguntar pelo meu nome e se podia responder ao amigo Carlos. Disse que sim. O Carlos surgiu em jeito de murmúrio e num ritmo algo lento. Disse: «Acabei de saber que o José Rodrigues faleceu. (senti um calafrio). Calculei que gostarias de ter a notícia hoje mesmo. Saudades. 
Rocha de Sousa

9. Mena M.



Pouco passava do meio dia, quando tirei os olhos do livro e ao olhar pela janela me deparei com as árvores vestidas de noiva.
Mulher prevenida vale por duas, valeu-me ter tirado a máquina da mala, logo que me sentei no comboio a caminho de Dresden na segunda-feira passada. Em Berlim não havia neve. 
Mena

8. M.



Pouco passava do meio dia quando deixei Santiago de Compostela a caminho de casa. Já tinha visitado algumas partes da cidade mas faltava-me espreitar uns certos recantos assinalados na agenda da viagem. Foi então que o vi, empoleirado no alto da parede. Lá estava ele, com o elegante ferro cravado no corpo a marcar a passagem do tempo: 9 horas e 35 minutos, segundo a leitura de um amigo mais entendido nestas coisas do que eu. Nada de pressas, ainda a manhã começava a adaptar-se à luz e o ambiente de séculos convidava-me a permanecer naquele claustro até ao limite possível concedido pelo guia galego que acompanhava o grupo. Esta mania de o sol ditar a nossa vida contraria-me, restringe-me os passos, atormenta o tempo que me pertence. A mim e a outros, talvez por isso há quem fique para trás a provocar horas e avisos. Seja como for, parece-me que esta coisa da sombra na pedra nos dá a sensação de que a vida se demora naquele jogo de sombras e luz. Tão diferente dos mostradores de relógios com ponteiros a rodar em conversas desencontradas de horas, minutos e segundos, dentro de caixas fechadas sem escapatória possível, à prova de água, à prova de choques, à prova de publicidade. Tão diferente também dos outros relógios onde se desdobram algarismos a um ritmo de presença e fuga diante dos nossos olhos. Apesar da inevitável interferência solar nas nossas existências, é bem mais bonito este rectângulo de pedra ao ar livre onde poisa o canto dos pássaros e escorrem gotas de água embaladas pelo vento. No entanto, para lá deste meu fervor idílico, imagino que talvez este tipo de relógio traga problemas a algumas pessoas: quando o sol se esconde e leva consigo os sinais de orientação, há quem possa ficar desatinado sem saber que rumo tomar. No caso dos nossos antepassados, resolveriam esse contratempo usando clepsidras para medir o tempo durante a noite. Quem as pudesse pagar, claro, a maioria das pessoas seria obrigada a contentar-se com a informação dada pelos sinos das igrejas.
M

7. Licínia



Pouco passava do meio dia e já toda a gente corria a caminho sabemos lá de quê. 
Licínia

6. Justine



Pouco passava do meio-dia. O sol no zénite, o ar pesado de calor. O jardim silencioso e parado, como só acontece num dia de verão. De repente, vindos sei lá de onde, poisam os 4 na banheira privativa do casal de melros-visita-diária, e ali ficam, retrato da liberdade e da alegria, a brincarem com a água e com o tempo…
Justine

5. Jawaa

Pouco passava do meio dia quando um palhaço entrou no supermercado a distribuir flores e balões, a pregar um sorriso em cada rosto, a acender brilhos nos olhos das crianças.
Jawaa

4. Isabel



Pouco passava do meio dia quando tocaram à porta. Era o carteiro. 
Abri a porta do prédio e depois fui lá abaixo à caixa do correio espreitar o que ele me deixara... 
Um convite para participar num almoço com os elementos do PPP ! 
Fixe! 
Convite aceite!! 
Vou já responder!! 

Isabel 

(Nota da Isabel: «Manuela, isto é uma brincadeira, porque a Zé já me falou que vocês fazem um almoço uma vez por ano e que no próximo eu também hei-de ir. Claro que se todos estiverem de acordo.»)

3. Bettips



Pouco passava do meio dia e já os meus comparsas tinham nadado, mergulhado nas breves ondas e lagos cristalinos daquelas praias, mais de vinte ou trinta vezes. Como focas felizes, cabelos escorridos, pérolas de água entre os risos. Eu, que me divirto mas que me molho apenas até ao pescoço, fiz-lhes sinal para um intervalo, com sol e alimento. Daí, a fotografia de um momento magnífico, não sendo hora dita de almoço. Porque, “para nós” no estrangeiro mediterrânico, pouco passava do meio de um dos alguns dias, todos abençoados de praias e liberdade morna. 
Bettips

2. Benó



Pouco passava do meio dia e o grupo encontrava-se cansado. Havia até quem se queixasse que o estomago estava a dar horas pelo que teríamos de nos apressar para chegar a tempo do almoço. No entanto, a paisagem que bordejava o fiorde era composta por diversas cores que mudavam de tonalidade, conforme o ângulo de onde se viam, com mais ou menos luz solar e, enquanto as máquinas fotográficas disparavam incessantemente para “mais tarde recordar” eu pensava no meu algarve, neste cantinho tão a sudoeste da Europa, onde o mar é verde mas a terra é castanha, onde o vento norte castiga impiedosamente a flora silvestre não a deixando crescer, onde o sol se ergue do mar ao meu lado esquerdo e desaparece no mar do meu lado direito, para lá do promontório, onde não há neve nem temperaturas negativas, mas onde há alegria e muito calor. E então as saudades apertaram. 
Benó

1. Agrades



Pouco passava do meio dia e eles já dormiam a sono solto.
 
Agrades

quinta-feira, dezembro 01, 2016

AGENDA PARA DEZEMBRO DE 2016


Proposta de Teresa Silva
Dia 8 - Reticências com frase “Pouco passava do meio dia” a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.

O DESAFIO DE HOJE

Proposta de Teresa Silva
Dia 1 - Ao jeito de cartilha: Proponho-vos que usemos a sílabaPa” para formar as nossas palavras. A palavra que cada um apresentar tem que conter a sílaba pedida e exprimir a imagem que lhe foi associada com sintonia clara entre ambas. Se houver preferência por um conceito, a regra a aplicar é a mesma, ou seja, ele tem que ser expresso por uma palavra que tenha a sílaba pedida. O texto que alguns de nós acrescentarmos é apenas facultativo e um complemento.

12. Zambujal






















Palavras Para Longe… antes do skype

11. Teresa Silva

Porque me parece ser pena a Teresa não poder participar por causa da ausência do computador, e sendo este mês proposta da sua autoria, aqui fica também espaço em aberto para eventual regresso a casa da dita máquina a tempo de lhe permitir mostrar a fotografia escolhida.
M

10. Mena M.
















 Pavão

9. M.

















Património

Convento de Santa Teresa de Jesus de Carnide, em Lisboa.

8. Luisa

A pedido da Teresa Silva, a Luisa avisou-me que estão sem computador, presumo que por motivos de saúde (do computador. Do mal o menos, antes ele do que as suas donas). Como nunca se sabe como evoluem as doenças, deixo este espaço em aberto para a eventualidade de ele vir convalescer para casa a tempo de apanhar ainda esta semana e permitir que possam ser publicadas as suas fotos para o tema de hoje.
M

7. Licínia


















Papoila

De semente perdida veio florir para meu enlevo.

Licínia

6. Justine

















Lâmpadas

A fotografia foi tirada na exposição permanente do Museu da Electricidade, antes de se chamar MAAT (à parte nova ainda não fui…)
Justine

5. Jawaa






















Transparência

4. Isabel






















Palavras

(Chamo-lhe escrita redonda um trabalho de Miguel Elias, com poema de António Salvado, retirado do livro Jardim do Paço). 
A foto foi tirada na exposição temporária, no Museu Francisco Tavares Proença Júnior, (aqui em Castelo Branco) el único jardin, de Miguel Elias. O trabalho, que está escrito na parede (também há poemas escritos no chão) é de Miguel Elias, sobre/com um poema de António Salvado, um poeta de Castelo Branco. Há mais poemas de António Salvado, na exposição. Uns escritos, outros ilustrados, mas todos têm a ver com o tema da exposição "el único jardin". 
Isabel
E respondendo à minha curiosidade sobre quem eram estes dois senhores, a Isabel escreveu:
"António Salvado, encontras mais sobre ele na Wikipédia. É um poeta conhecido na cidade. Foi professor no Liceu, foi durante muitos anos o director do Museu Tavares Proença Júnior. É uma pessoa conceituada na cidade.
Miguel Elias não conhecia. Fui ver esta exposição e foi aqui que ouvi falar dele pela primeira vez. Diz no desdobrável da exposição que "...nasceu em Alicante e é pintor, gravador e professor na Universidade de Salamanca, onde se licenciou e doutorou. É o director do Mestrado em Linguagens da Expressão Artística e Criação Contemporânea e participou em mais de 100 exposições colectivas e 25 individuais."

3.Bettips

















Palácio

Um palácio romântico do séc. XIX, uma bela mistura de estilos arquitectónicos mouriscos, góticos, indianos. Pelo que li, com estas características, é exemplar único em Portugal. Completado por um parque/jardim maravilhoso que tem espécies vindas de todo o mundo, vegetalidades organizadas por áreas harmoniosas e cheias de recantos. É o Palácio de Monserrate.
Bettips

2. Benó

















Papas de milho

"As papas de milho foram, nos tempos idos, a comida dos pobres, principalmente nas zonas rurais algarvias. No concelho de Vila do Bispo, considerado o celeiro do Algarve pela produção de milho e trigo, o almoço e o jantar de muita gente, tanto agricultores como pescadores, era um prato de papas que poderiam ser com toucinho, no caldo das caldeiradas (o chamado xarém), no caldo das couves, com conquilhas ou mexilhões e até feitas com leite de ovelha ou de cabra.
Hoje, as papas são consideradas um pitéu, para nós, algarvios, que até as comemos no dia a seguir a serem cozinhadas, cortadas aos cubos e fritas em azeite para acompanhamento de peixe frito, por exemplo. As da foto, papas com conquilhas, foram servidas como entrada num jantar de aniversário do Clube Recreativo da Sagres." 

Benó