Dia
20
- Com
as palavras dentro do olhar sobre
fotografia de Agrades.
quinta-feira, janeiro 30, 2020
AGENDA PARA FEVEREIRO DE 2020
Proposta
de Agrades
Dia 20 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia de Agrades.
Dia 27 - Fotografando as palavras de outros sobre
« (…) Nesse tempo, as mulheres cumpriam ainda todo o ancestral rito da espera, sentadas nas soletas das portas a catar os filhos: os dedos perseguiam as lêndeas e, na pressão das unhas, vinham arrepios de gadelha arrepelada. Então as crianças grunhiam contra semelhante tortura e gritavam para que as libertassem.
Está quieta aí, rapariga! - berravam as mães - Lapareira, que não deixa fazer nada nesta cabeça. (…) »
João de Melo, O Meu Mundo não é deste Reino, Publicações Dom Quixote, 6ª edição março de 1998
Dia 6 - Ao
jeito de cartilha: Proponho-vos
que usemos a sílaba “mu” para
formar as nossas palavras.
A palavra que cada um apresentar tem que conter a sílaba pedida e
exprimir a imagem que lhe foi associada com sintonia clara entre
ambas. Se houver preferência por um conceito, a regra a aplicar é a
mesma, ou seja, ele tem que ser expresso por uma palavra que tenha a
sílaba pedida. O texto que alguns de nós acrescentarmos é apenas
facultativo e um complemento.
Dia
13 - Reticências
com
a frase “Ao
lusco fusco”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia. Dia 20 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia de Agrades.
Dia 27 - Fotografando as palavras de outros sobre
« (…) Nesse tempo, as mulheres cumpriam ainda todo o ancestral rito da espera, sentadas nas soletas das portas a catar os filhos: os dedos perseguiam as lêndeas e, na pressão das unhas, vinham arrepios de gadelha arrepelada. Então as crianças grunhiam contra semelhante tortura e gritavam para que as libertassem.
Está quieta aí, rapariga! - berravam as mães - Lapareira, que não deixa fazer nada nesta cabeça. (…) »
João de Melo, O Meu Mundo não é deste Reino, Publicações Dom Quixote, 6ª edição março de 1998
O DESAFIO DE HOJE
Proposta
de Zambujal
Dia
30 -
Fotografando
as palavras de outros sobre
(…)
pobre
mulher,
só
conseguia executar uma tarefa se a descrevesse enquanto a praticava,
se lavava a roupa dizia agora estou enxaguando primeiro, botando
sabão e esfregando rugosa na pedra, agora molho outra vez, até a
água sair limpa, agora desamarroto, torço e ponho secando no varão,
primeiro uma mola, depois esta e mais dez para o vento não puxar, o
vento estica, enrodilha, embaraça, estorce, arranca e rouba a roupa,
mas não a quer para ele, é maldade, só a revoluteia no ar, para a
jogar fora mais adiante, surripia sem proveito, o vento é só para
irritar a gente, e corria atrás dos trapos, e dizia agora estou
pondo um pé à frente e tudo o que lhe vinha à cabeça. (…)
O
Gesto Que Fazemos para Proteger a Cabeça,
Ana Margarida de Carvalho
10. Rocha/Desenhamento
Depois de pensar neste tema, lendo o texto proposto, achei que via, por dentro da minha cabeça, alguém a proteger a cabeça em gestos sucessivos, outrora ou hoje, tendo então desenhado um gesto dos citados, aqui, em computador. Penso então que o desenho pintado serve o instante exterior e poderá dizer o resto, a interioridade, perto da palavra proposta em situação.
Rocha de Sousa
9. Mónica
quinta-feira, janeiro 23, 2020
AGENDA PARA JANEIRO DE 2020
Proposta
de Zambujal
Dia
30 -
Fotografando
as palavras de outros sobre
(…)
pobre
mulher,
só
conseguia executar uma tarefa se a descrevesse enquanto a praticava,
se lavava a roupa dizia agora estou enxaguando primeiro, botando
sabão e esfregando rugosa na pedra, agora molho outra vez, até a
água sair limpa, agora desamarroto, torço e ponho secando no varão,
primeiro uma mola, depois esta e mais dez para o vento não puxar, o
vento estica, enrodilha, embaraça, estorce, arranca e rouba a roupa,
mas não a quer para ele, é maldade, só a revoluteia no ar, para a
jogar fora mais adiante, surripia sem proveito, o vento é só para
irritar a gente, e corria atrás dos trapos, e dizia agora estou
pondo um pé à frente e tudo o que lhe vinha à cabeça. (…)
O
Gesto Que Fazemos para Proteger a Cabeça,
Ana Margarida de Carvalho
12. Zambujal
10. Rocha/Desenhamento
9. Mónica
Sugiro
a leitura de um ou todos os livros escritos por Jung Chang. Pela
ordem que escreveu: o primeiro "Cisnes Selvagens" é a
historia da avó, da mãe e da escritora, enquadradas na época
histórica em que cada uma viveu, de mudanças radicais na China, o
segundo livro "Mao" é a biografia do estadista, o terceiro
livro "Imperatriz Cixi" é a história da última
imperatriz da China, mulher e concubina, três feitos inéditos e o
quarto livro que ainda estou a ler é sobre três irmãs que por
coincidência da época em que viveram foram casadas com os homens
mais importantes da China à época, cada um em seu quadrante
político. O que mais aprecio é a forma pragmática como ela escreve
e faz o enquadramento histórico, com a enorme vantagem de ser
chinesa e por isso tem acesso a documentos que sabe ler e interpretar
sem a intervenção de um tradutor.
Mónica
7. Margarida
6. M.
3. Justine
2. Bettips
segunda-feira, janeiro 20, 2020
A PEDIDO DA LICÍNIA
quinta-feira, janeiro 16, 2020
12. Zambujal
No
séc. XII (acho que foi… mas irei confirmar), na previsão do
futuro “boom” turístico, os empreendores da cidade italiana de
Pisa (públicos, privados?... investigarei!) investiram num projecto
que não só popularizasse a povoação como viesse a ser cartaz e
atracção. Por isso, hoje, Pisa é a terra da torre inclinada, e não
falta veraneante ou invernariante que não vá ver a inclinação da
torre e fotografá-la e/ou comprar postais. É pena… porque, bem
mais do que a torre, a povoação (cidade?, vila?) é muito
simpática, mas tal torre sineira e cambaleante (?) absorve todas as
atenções.
Todas?
Não!, há quem tenha ido tirar a foto da praxe – apressadamente –
e tivesse passeado, tranquilamente, por uma curiosa cidade medieval e
com vida, para lá daquele espaço onde o tal monumento à
instabilidade parece cumprimentar os muitos e (alguns) embasbacados
visitantes com uma discreta mesura.
Zambujal
11. Teresa Silva
Muito
original esta foto. Dá a sensação de que se rodarmos a foto para a
esquerda, até a torre fica direita!
Teresa Silva
10. Rocha/Desenhamento
Parece fora de dúvida:
Zambujal é um homem de talentos: ao fotografar a torre de Pisa, com
uma inclinação de 45º apela ao ensino de Arnheim, acentuando o
valor da percepção: naquela posição já a torre tinha caído e os
homens haviam perdido um exemplar da sua glória em equilíbrio. Mas
a fotografia também caracteriza as coisas com a ironia da
acentuação. A pintura em anexo, de Ilidio Salteiro vai mais longe:
e estes destroços devolvidos à fome das criaturas antecipa
alegoricamente torres tombadas, seres devoraveis. As pedras tombadas
em Pisa, no futuro são devoráveis e transportáveis para museus
estrangeiros.
Rocha de Sousa
quarta-feira, janeiro 15, 2020
9. Mónica
É
impressão minha ou a Torre de Piza está direita? Não sei! Gosto da
Torre de Piza, é o paradigma “fazer das derrotas vitórias” ou
“o óscar vai para o ator secundário”, como fazer um desaire de
engenharia, num simples campanário, tornar-se tão célebre, um
ex-libris, há quase mil anos.
Mónica
8. Mena M.
Há 15
anos estive inclinada para lá ir, mas foi só na Páscoa de 2003 que
pisei este mesmo chão e também fotografei esta famosa Torre.
A Toscana é maravilhosa!
Agora tenho que virar o pescoço para o lado esquerdo...
A Toscana é maravilhosa!
Agora tenho que virar o pescoço para o lado esquerdo...
Mena
6. M.
Pode
parecer estranho mas vejo nesta fotografia um navio a inclinar-se em
mar agitado, apesar da serenidade mostrada pelos passageiros no
suposto convés, aliás reacção que não se esperaria numa situação
real e semelhante à que conto a seguir.
Por volta dos 22 anos, eu e a minha amiga Alexandra fizemos um passeio a Espanha para comemorar o primeiro ano dos nossos empregos. Chegadas a Barcelona de comboio, seguimos para Palma de Maiorca de barco, viagem serena, como se deslizássemos sobre um lago azul, sem necessidade de recorrer ao Vomidrine levado na mala. O inesperado aconteceu no regresso entre Palma de Maiorca e Barcelona quando, na escuridão da noite, ondas gigantescas quase engoliam o barco e os passageiros, qual casca de noz de história em banda desenhada. Um horror foram aquelas cerca de dez horas até nascer a manhã! A minha amiga a tempo tomou um comprimido para o enjoo e manteve-se sentada, imóvel, mas eu e outras pessoas não tivemos essa sorte. Infelizmente, no meu caso bastou um atraso de segundos a engolir a bolinha milagreira e pronto, o previsto efeito futuro vingou-se de forma rápida obrigando-me a ir até à proa agarrada ao corrimão do convés coberto para não cair, e lá permaneci, em pé, junto de tantos outros companheiros de infortúnio. Chegávamos a cambalear, abríamos a porta que dava para o exterior, deitávamos borda fora os nossos enjoos e ali ficávamos, até que as nossas entranhas se apaziguassem. Exausta, regressei ao meu lugar inicial passadas horas incontáveis. A Alexandra suspirou de alívio por me ter de volta, preocupada com o meu desaparecimento repentino até me imaginara para sempre nos braços de Neptuno. Quando pisámos finalmente terra firme ainda me sentia a baloiçar, e que ninguém me falasse em comida, ao contrário da minha amiga. Tão esfomeada estava que devorou o seu pequeno almoço e o meu (ambos incluídos no preço da viagem...). O comprimido para o enjoo deve ter-lhe aberto o apetite.
Por volta dos 22 anos, eu e a minha amiga Alexandra fizemos um passeio a Espanha para comemorar o primeiro ano dos nossos empregos. Chegadas a Barcelona de comboio, seguimos para Palma de Maiorca de barco, viagem serena, como se deslizássemos sobre um lago azul, sem necessidade de recorrer ao Vomidrine levado na mala. O inesperado aconteceu no regresso entre Palma de Maiorca e Barcelona quando, na escuridão da noite, ondas gigantescas quase engoliam o barco e os passageiros, qual casca de noz de história em banda desenhada. Um horror foram aquelas cerca de dez horas até nascer a manhã! A minha amiga a tempo tomou um comprimido para o enjoo e manteve-se sentada, imóvel, mas eu e outras pessoas não tivemos essa sorte. Infelizmente, no meu caso bastou um atraso de segundos a engolir a bolinha milagreira e pronto, o previsto efeito futuro vingou-se de forma rápida obrigando-me a ir até à proa agarrada ao corrimão do convés coberto para não cair, e lá permaneci, em pé, junto de tantos outros companheiros de infortúnio. Chegávamos a cambalear, abríamos a porta que dava para o exterior, deitávamos borda fora os nossos enjoos e ali ficávamos, até que as nossas entranhas se apaziguassem. Exausta, regressei ao meu lugar inicial passadas horas incontáveis. A Alexandra suspirou de alívio por me ter de volta, preocupada com o meu desaparecimento repentino até me imaginara para sempre nos braços de Neptuno. Quando pisámos finalmente terra firme ainda me sentia a baloiçar, e que ninguém me falasse em comida, ao contrário da minha amiga. Tão esfomeada estava que devorou o seu pequeno almoço e o meu (ambos incluídos no preço da viagem...). O comprimido para o enjoo deve ter-lhe aberto o apetite.
M
5. Luisa
Se não
contrariarmos o que já está feito e nos inclinarmos no sentido do
erro, pode ser que caiamos mais depressa no abismo sem dar tempo a
mais discussões sobre a tragédia que se abate sobre a Terra.
Luisa
4. Licínia
Um
aprumo de juventude, uma firmeza, uma recusa a curvaturas, vénias.
Empertigada, diziam, vaidosa, um dia havia de vergar, talvez quebrar,
diziam, perante aquela verticalidade que confundia, incomodava.
Passaram anos, séculos, e ela ali, erecta, ignorante do despeito, da irritação de quem a olhava de viés, por medo de tão persistente inteireza.
Chegou o dia, havia de chegar, da vingança, de tentar o derrube da vertical afronta. Cercaram-na. Depois, todos à uma, empurraram. Eia, eia, ô! Sem tempo a perceber as razões de tal fúria, cedeu, um pouco, mais um pouco, inclinou-se. A turba ululava. Cai, cai, eia, ô!
Do meio da multidão, uma voz lhe chegou, em sopro, em soluço. Gosto de ti, minha torre de vontade! Sorriu, deteve o pendor, ficou imóvel, incólume, na sua nova pose de mulher reclinada em ombro oferecido. Misteriosamente, sem tombar. Uma Torre de vontade.
Passaram anos, séculos, e ela ali, erecta, ignorante do despeito, da irritação de quem a olhava de viés, por medo de tão persistente inteireza.
Chegou o dia, havia de chegar, da vingança, de tentar o derrube da vertical afronta. Cercaram-na. Depois, todos à uma, empurraram. Eia, eia, ô! Sem tempo a perceber as razões de tal fúria, cedeu, um pouco, mais um pouco, inclinou-se. A turba ululava. Cai, cai, eia, ô!
Do meio da multidão, uma voz lhe chegou, em sopro, em soluço. Gosto de ti, minha torre de vontade! Sorriu, deteve o pendor, ficou imóvel, incólume, na sua nova pose de mulher reclinada em ombro oferecido. Misteriosamente, sem tombar. Uma Torre de vontade.
Licínia
3. Justine
Edifício
emblemático da cidade de Pisa, a Torre é um deleite para os
turistas que a observam de longe, não vá cair-lhes em cima. O
fotógrafo ainda requintou o ângulo de inclinação do monumento,
talvez criando assim uma metáfora das razões da sua inclinação –
fundações mal construídas, solos mal preparados para suster o
edifício -, e levando-nos a pensar, com razão, que as coisas não
melhoraram nada desde o séc.XII no que respeita à construção
civil…
Justine
2. Bettips
Que
o mundo se vai inclinando ou que a gente se vê inclinada perante
ele?
Questões
da engenharia: dizem que, após restauro em 2008, a torre deixou de
se mexer e ficará estável durante pelo menos 200 anos. Enquanto uns
se inscrevem para fazer a viagem a Marte, eu cá não desdenharia ir
apenas ali adiante, a Pisa e outros lugares do meu imaginário de
Itália.
Bettips
1. Agrades
Não
há duas sem três; a torre é torta, o fotógrafo entortou a foto e,
fazendo jus à torre, um dos jovens pisa outro...
Agrades
quarta-feira, janeiro 08, 2020
O DESAFIO DE HOJE
Proposta
de Zambujal
Dia
9 - Reticências
com
a frase “
Já cá faltava”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
12. Zambujal
10. Rocha/Desenhamento
9. Mónica
Já cá faltava uma
sorte grande chamada turismo, a juntar a legislação excepcional,
para fomentarem a reabilitação de edifícios. O resultado que está
à vista de todos é bonito de ver. O que quero dizer é que foi
graças ao turismo e a legislação que facilitou a reabilitação
que os donos dos prédios resolveram reabilitá-los. Antes reabilitar
uma casa exigia projectos, licenças e demais burocracias como se
fosse uma construção nova. A nova legislação permitiu que sob a
capa de "lavar a cara" se reabilitassem prédios. Para nós
que vemos as fachadas achamos bonito e gostamos. Mas por trás estão
famílias despejadas, reabilitações da treta (reabilitações
estruturais que não foram acompanhadas de projectos por exemplo),
negócios muito lucrativos. Em Lisboa foram vendidos apartamentos
velhos por 60 mil euros e após reabilitação 600 mil, mais ou menos
nesta ordem de grandeza. Estas reabilitações são "cenário"
para atrair turistas e especuladores, materiais bonitos mas de fraca
qualidade. Neste momento já há novamente legislação para
acautelar reabilitações profundas. É bonito ver os centros
históricos reabilitados mas custam tristeza e "sangue".
Parece que cerca de 1/3 das casas reabilitadas em centros históricos
estavam vazias, 2/3 implicaram despejos. Daqui a uns anos ninguém se
lembrará disto. Os nossos governantes são muito manipulados pelos
interesses de quem tem poder económico, não estão para defender os
interesses dos mais desprotegidos e ignorantes. É uma pena. Depois
da sorte grande já cá faltava bom senso, memória e solidariedade
para todos.
Mónica
8. Mena M.
6. M.
Já cá faltava o
pássaro encarrapitar-se no bengaleiro! Escolheu este poleiro
improvisado para passar a noite de ontem em vez do cantinho no
parapeito da janela da sala de estar onde costuma aconchegar-se. É
capaz de sentir a falta de jardins espaçosos com árvores frondosas
onde pode saltitar de ramo em ramo. Bem sei que os tectos de uma casa
escondem o céu, são de certo modo restritivos para quem aprecia o
ar livre, contudo tive sempre o cuidado de o deixar à solta por
aqui. Provavelmente num desses seus voos viu o chapéu de palha e
pensou que eu o usaria quando saísse de manhã. Uma bela
oportunidade para fugir... talvez viajando na minha cabeça...
ninguém daria por isso, andam todos na rua com os olhos postos nos
telemóveis, indiferentes aos tropeções provocados pelas pedras
soltas nos passeios. E ainda que alguma pessoa reparasse nele não
acharia estranho aquele ninho ambulante sobre a minha cabeça, há
tantas originalidades, tantas evasões à rotina, não é? Compreendo
que o Chapim Real se sinta um pouco constrangido neste meu ambiente
urbano de cidadã comum. Encontrei-o dentro da loja do Museu
Gulbenkian, entre pássaros de diversas linhagens, com nomes e
características diferentes, apaixonei-me por ele e trouxe-o comigo,
mas parece-me que nunca viveu completamente feliz aqui, provavelmente
saudoso do seu jardim, de outros ares e dinastias. Raramente pia,
apenas quando as crianças da casa ou eu lhe apertamos suavemente a
barriga, para nós um gesto carinhoso, se calhar desconfortável para
ele. Enfim, já não sei qual de nós os dois confundiu a realidade
com a fantasia, nem quero saber.
M
4. Licínia
Já cá faltava o som
dos carrilhões do Convento de Mafra, há muitos anos parados para
reparação. No próximo 2 de Fevereiro, voltarão a fazer-se ouvir.
É um som inigualável em poder e afinação. Concertos voltará a
haver e eu estou contente porque os sinos me trarão decerto sons de
infância e de juventude que por sua vez me trarão memórias de vida
passada por lugares a que regressei.
Licínia
3. Justine
Já
cá faltava mais esta! E logo no primeiro dia do ano! Já bastava o
velho frigorífico, que com as cheias de fins de Novembro
curto-circuitou e lá foi para reciclagem, num transporte camarário;
já chegava a tristeza dos onze cedros que, pelo temporal do
solstício deste inverno foram derrubados sem dó nem piedade,
desnudando-nos a intimidade dos vizinhos e vice-versa; agora foi a
vez do velho carro, amigo prestável durante 22 anos sem dar grandes
preocupações, antes cumprindo o seu papel com muito denodo. Acabou.
Foi embora. Sucumbiu. Finou-se. Morreu.
Já
cá faltava mais esta!
Justine
2. Bettips
Já cá faltava o luxo,
o aparato, a riqueza, a opulência, a pompa … e a circunstância de
ter posto os olhos nesta ostentação apenas num museu. Chama-se a
Sala de Jantar no “andar nobre”, no Museu da Ajuda, com variadas
dependências reais. Diz-se que, ainda hoje, são servidos nesta sala
os banquetes da Presidência da República. A história deste palácio
é muito curiosa e cheia de pormenores, alguns surreais. Pelo andar
da carruagem, um dia destes dar-se-á um jantar aos sem-abrigo de
Lisboa. E já cá faltava... a mordacidade que sempre me surge em
escritas várias.
Bettips
quinta-feira, janeiro 02, 2020
AGENDA PARA JANEIRO DE 2020
Proposta
de Zambujal
Dia
9 - Reticências
com
a frase “
Já cá faltava”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
O DESAFIO DE HOJE
Proposta
de Zambujal
Dia
2 - Ao
jeito de cartilha: Proponho-vos
que usemos a sílaba “mor” para
formar as nossas palavras.
O
foco tem de estar todo, e apenas, na ligação entre a palavra que
escolhermos para a sílaba proposta e a fotografia que a expressará,
quer se trate de um objecto ou de um conceito.
11. Zambujal
8. Mónica
Mortos
Confesso
que gosto de visitar cemitérios, é genealogia, é a história real
das pessoas. Na minha família não há qualquer tradição em culto
de mortos, não há campas não há missa, rezas, etc. mas falamos
dos "mortos", relembramos histórias e vivências. Por isso
acho "piada" o quanto as pessoas investem em cemitérios, é
uma perpetuação material da vida - quando se visita um cemitério e
se lê os nomes (datas de nascimento, mensagens, etc) estamos a
trazê-los à vida. Esta fotografia foi tirada no ano passado, nas
férias, é o cemitério de Cacela Velha que fica a poucos metros da
beira-mar, mesmo à saída da praia, um sitio bem peculiar para fazer
um cemitério. Depois da praia andamos a passear pela aldeia e
cemitério incluído.
Mónica
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