Passaram décadas desde o dia em que se fizeram protagonistas da aventura a dois a que se chamou casamento. Fizeram-no pela lei civil, contrariando os desejos de famílias católicas, praticantes. Desprezaram benesses que lhes foram negadas como “castigo” pela prevaricação aos bons costumes. Deram-se a trabalhos de gente “remediada”, como então se chamava, modestos e dignos. O amor os acompanhou num abraço que não apertava, mas amparava, mesmo nos piores momentos em que o salazarismo ameaçava os “perigosos” republicanos como o meu pai. No tempo de reforma, de bem com a vida, cuidavam das suas plantas, o meu pai sossegava nos livros, a minha mãe nos crochets. Orgulho-me deles que me fizeram como sou.
Licínia
6 comentários:
Acho admirável a coragem dos teus pais em fugir à regra (quase "ilegal")
Delicioso!
Os teus pais coincidiram com os meus, no casamento laico - o que também lhes criou alguns problemas...
O teu texto é perfeito!
Um belo casal. Acho-te parecida com a tua Mãe.
luisa
Um texto muito bonito. Também te acho parecida com a tua mãe.
Bonito casal e muito gira a fotografia.
Teresa
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