Os Rótulos Proibidos de Paula
Rego
Podia encher a tela de múltiplos quadros que alegram as paredes da minha sala. Mas podia também contar a história dos rótulos “cancelados” de Paula Rego.
Não sabia, não fazia ideia e gostei de saber das incursões vínicas desta artista-vanguarda (Jornal “Público”, 18.Fev.24): chocante, crua, provocadora, sem papas na língua ou, se quiserem, no pincel.
Em 2007 a Herdade do Esporão decidiu levar a arte aos seus vinhos e desafiou alguns artistas portugueses a apresentarem ideias para ilustrar alguns rótulos dos seus vinhos. Quando se depararam com as ideias de Paula Rego, em litografias e pintadas à mão, terão ficado chocados, esperando algo meramente ilustrativo. Coisa que Paula Rego não faz, não ilustra apenas. Sempre envia uma mensagem, toca uma ideia, desafia um (pre)conceito.
Numa delas (Dar de Comer) uma mulher dá uma garrafa de vinho a um bebé, como se fosse um biberão.
Numa outra (Dois Amores) uma mãe embala uma garrafa, em vez de dar atenção ao filho, aos seus pés.
E numa terceira (O Vinho) vê-se uma mulher vestida de homem, em estado alcoólico e com uma garrafa ao lado, tombada, a derramar o néctar dos deuses.
“Não foi censura; simplesmente não foram aceites”.
Margarida
4 comentários:
Desconhecia. Ousada, provocadora, admirável. Os senhores Melo devem ter ficado cheios de azia.
Uma ideia interessante, foi pena não ter sido aceite, era original. Seria demasiado provocadora, suponho, e o público não apreciaria. Não conhecia.
PR era uma mulher atenta, culta, imaginativa - enfim, uma grande artista!
Muito bom! Grande gozo
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