Vasculhei todas as minhas fotos e não encontrei nenhuma, nada me ocorreu, de nada me lembrei visualmente.
De repente lembrei-me de um episódio, vivido pela minha pessoa, assim vivinho vivinho. E sofrido.
Íamos numa 4x4 a caminho de Muxima, desde a barra e ao longo do Rio Cuanza. Era essa a minha/nossa intenção. Decorria o ano de … não me recordo.
Tudo me fascinava, era a primeira e, até agora, a única vez que pisava solo angolano.
Na noite anterior deliciei-me com um peixinho fresco acabado de pescar em Caboledo. Bela praia, bela noite. Abusei do óleo de dendém, tinham-me avisado. Resultado: “não estava bem da barriga”, como se diz aos bébés.
Estava em grande sofrimento, já de manhã o tinha sentido. Tentei conter-me. E estava constrangida. Com a minha amiga não havia problema, conhecemo-nos há muitos anos, era à-vontade. Já com o condutor, o Manel Zé, que não conhecia de lado nenhum, senti-me muito pequenina, débil e fraca. E pensei o pior.
E o pior veio. De repente deu-me uma guinada daquelas incontroláveis e disse: “Pára!”. Corri do carro e tentei agachar-me atrás das poucas ervas que ali havia, baixando os calções e quase já as cuecas. Pronta para me esvair oiço o Manel Zé gritar, em pé, mesmo à minha frente, descontraidíssimo: “Aí não, na estrada, na picada, aí há minas!”
Fugi das ervas de calções e cuecas em baixo, praticamente nua, pode-se dizer. Já não queria saber de nada, só queria fazer cocó e fugir das minas. As duas coisas ao mesmo tempo estava difícil.
Agora, à distância, é hilariante rever-me frente ao capot do carro, entre os 2 faróis, a tentar esconder-me. De quê e de quem nem eu sei. Chegámos a Muxima e fui rezar 3 Pais-Nossos e 4 Avés-Maria à Nª. Srª. da Muxima.
Mas adorei Angola J
Margarida
4 comentários:
Adorei a história, imagino-te em todas as situações e quase vejo os locais. Rezaste rezaste 😁
Que susto!!!!
Luisa
Rectificação:
O Manel Zé não disse: "“... aí há minas!”. Disse: "aí tem mina!"
Faz diferença...
Imagino a situação e a aflição. Ri-me com a descrição vivíssima, claro.
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