O
Vazio… é,
também, um estado de espírito. Ou um soco no estômago, o que não
é o mesmo mas é igual.
No
meio de uma viagem turística, com os olhos (e o espírito) cheios de
beleza e verde e mar e equador, a brutalidade de um espaço vazio,
abandonado, degradado, ruína industrial. Que foi um hospital numa
roça em S.Tomé e Príncipe. Quando os mercados eram de cacau para a
indústria do chocolate com sede na Suíça e algures.
Hoje… um vazio. Um
soco no estômago. Os mercados são outros. Que nem doces são.
Zambujal
11 comentários:
Sem dúvida, o vazio é, também, "um estado de espírito. Ou um soco no estômago...".
Terrívelmente triste, e igualmente bela e cheia de significados, a fotografia escolhida para acompanhar o texto. A fazer-nos reflectir sobre os gestos dos homens ao longo da História.
A tristeza do abandono, das decisões sem sentido humano. Um vazio que conta uma estória de explorações...
A evolução semântica da palavra «mercados» faz dela ameaçadora como canhões de guerra.
Esta imagem - para mim dolorosa - de vazio faz-me pensar sempre na teimosia dos homens insistindo em arrasar tudo o que existe, apoiados na soberba de refazerem melhor, quando seria tão mais fácil preservar e aprofundar, alterando embora.
Porque as roças
porque o cacau
porque a riqueza de um povo
porque a escravidão de um povo mais a escravidão dos mercados,
tudo nos provoca o olhar-pensar neste vazio tão degradante.
Um vazio confrangedor.
Jawaa: estou PROFUNDAMENTE de acordo contigo! Melhorar o que existe, transformar o que não tem préstimo!
Um tio-avô meu morreu em S. Tomé e Principe. Quem sabe se ele foi "tratado" num hospital como este?
Excelente fotografia e dramática
memória, com um texto bem integra-
do.
Rocha de Sousa
Retrato do que já não é. Tão efémero o tempo da abundância, tão longo o tempo do vazio.
Obrigado. O (meu) vazio, enquanto estado de espírito, ficou bem preenchido com os vossos comentários, neste momento de convívio.
Há tantos vazios iguais a este, por este mundo fora.
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