As velhas coisas contam experiências, falam das vozes misteriosamente caladas na dança fugaz do tempo.
Assinalam erros de perspectiva, como um centro de mesa dançando junto de um barco, longe das terrinas e dos jantares de gala.
Porque vemos uma cadeira flutuando acima de um cisne?
Porque tudo é possível numa loja de antiguidades, tal qual encontramos estranhos símbolos no bric-à-brac da nossa memória de vida.
Bettips
5 comentários:
Pois, a perspectiva é uma criatura com personalidade, daí que...
Pobres objectos, como eles se sentirão mal com esta falta de alinhamento, perspectiva e arrumação. Uma ameaça à sua dignidade.
Belíssimo texto para esta arrecada-
ção de velhas coisas (ainda novas
como vieram da produção, o que é
inquietante). Bela viagem pela su-
gestão surreal de tempos contradi-
tórios sobrepostos como num plano
de Bunuel.
Um retrato da nossa vida, dos seus desencontros e das suas inutilidades?
Como num sonho, a inconsistência dos lugares e das coisas. Como na vida, decerto.
Enviar um comentário