Falava com a raiva enrolada ao pescoço
e as vogais eram surdas
quando dizia os nomes os lugares as datas
as mãos em punho que punhais não lhe deram
as faces polvilhadas pelo sal do choro que secara
agitava o corpo
e as pregas da saia ondeavam em fúria
cavalos-marinhos prendiam-lhe os cabelos
e dálias de fogo brotavam-lhe dos seios
os pés esmagavam cactos
e sangue e seiva se entendiam
era uma dor soberba
a da mulher dos sonhos violados
às vezes ria
Licínia
(A foto é do cartaz da exposição sobre Frida no CCB em 2006)
4 comentários:
Igualmente penetrantes as tuas palavras, Licínia.
Uma pintura belíssima bem acompanhada pelas tuas palavras.
Gostei do teu texto mas não me convence a olhar para tais pinturas
LUISA
Retrato pleno e correcto que dela fizeste!
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