Penso na pobreza como resultado do desacerto entre brilhos e planuras de sombras em caminhos estreitos onde só o nada é presença, seja ele individual, social, nacional, mundial, político, económico, espiritual, ético, cultural, estético. Por culpa própria ou alheia, por incapacidades ou desistências, por ignorância, por sonegação do direito à vida inteira, por limites impostos, por arbitrariedades que aviltam o ser humano, por tantas mais razões desconhecidas que ferem ou matam o sonho da existência. Mas também olho para a palavra atribuindo-lhe um outro sentido, a que chamarei despojamento, em escolha pessoal e íntima de renúncia a tudo o que possa ser obstáculo ao desejo de sentir a pureza suprema da vida. Contudo, julgo que só depois de alguém ter possuído os bens mínimos essenciais à sua sobrevivência física e mental com a dignidade que merece, terá disponibilidade interior para fazer essa escolha.
Tudo o que dizes e nos dizes que pensas, M., é rico - o contrário das tuas fotografias tão simples! Despojamento: escolheria como tradução procurada deste branco que se fecha, suave.
Uma vez mais conseguiste, através de uma foto tão simples e das tuas sábias palavras, abordar com muita estética um tema tão chocante e sensível como a pobreza e a miséria humanas.
No teu último parágrafo fizeste-me pensar na minha tia freira, que há 65 anos abdicou de todos os seus bens materiais e entrou para uma ordem de clausura, por vocação.
M, a tua fotografia é, neste grupo, tal como a do António, uma das mais difíceis de interpretar! Olhava para esta imagem e não percebia porque significava pobreza, pois para mim só significava "riqueza" de espírito. Tudo o que vejo nesta porta branca é simplicidade e sobriedade.
Mas, a tua explicação faz sentido! Pois, a opção pela pobreza, neste caso, o despojamento dos bens terrestres, pode acontecer em algumas situações da vida das pessoas (menos comuns, devo acrescentar)!
É REALMENTE NOTÁVEL A RIQUEZA QUE IMPRIMES AOS TEUS TEXTOS TÃO DENUNCIADORES DE ALGUÉM CUJA PROFUNDIDA FELIZMENTE CONSEGUE EXPRIMIR TÃO BEM EM PALAVRAS. ATÉ ACRESCENTO QUE DEPOIS DE LER TODOS OS COMENTÁRIOS QUE FIZESTE ÁS FOTOS, DARIA UM LIVRO BEM INTERESSANTE, DAS FOTOS DE TODOS ILUSTRADAS PELOS TEUS COMENTÁRIOS UMA A UMA.
10 comentários:
Penso na pobreza como resultado do desacerto entre brilhos e planuras de sombras em caminhos estreitos onde só o nada é presença, seja ele individual, social, nacional, mundial, político, económico, espiritual, ético, cultural, estético. Por culpa própria ou alheia, por incapacidades ou desistências, por ignorância, por sonegação do direito à vida inteira, por limites impostos, por arbitrariedades que aviltam o ser humano, por tantas mais razões desconhecidas que ferem ou matam o sonho da existência. Mas também olho para a palavra atribuindo-lhe um outro sentido, a que chamarei despojamento, em escolha pessoal e íntima de renúncia a tudo o que possa ser obstáculo ao desejo de sentir a pureza suprema da vida. Contudo, julgo que só depois de alguém ter possuído os bens mínimos essenciais à sua sobrevivência física e mental com a dignidade que merece, terá disponibilidade interior para fazer essa escolha.
Na tua foto vejo singeleza ; no teu comentário riqueza interior...
Agrades
Um despojamento tão completo que até o trinco pode ficar a berto porque nada há para roubar.
Tudo o que dizes e nos dizes que pensas, M., é rico - o contrário das tuas fotografias tão simples!
Despojamento: escolheria como tradução procurada deste branco que se fecha, suave.
Parabéns Manuela!
Uma vez mais conseguiste, através de uma foto tão simples e das tuas sábias palavras, abordar com muita estética um tema tão chocante e sensível como a pobreza e a miséria humanas.
No teu último parágrafo fizeste-me pensar na minha tia freira, que há 65 anos abdicou de todos os seus bens materiais e entrou para uma ordem de clausura, por vocação.
M. a tua fotografia e os teus comentários são o contrário da palavra em causa POBREZA, são ricos e intensos. Parabéns!
mj
Pobreza que, se for uma opção de vida, pode ser uma estética.
pobreza como estética minimalista. Perfeita e bela
Teresa Silva
M, a tua fotografia é, neste grupo, tal como a do António, uma das mais difíceis de interpretar! Olhava para esta imagem e não percebia porque significava pobreza, pois para mim só significava "riqueza" de espírito. Tudo o que vejo nesta porta branca é simplicidade e sobriedade.
Mas, a tua explicação faz sentido! Pois, a opção pela pobreza, neste caso, o despojamento dos bens terrestres, pode acontecer em algumas situações da vida das pessoas (menos comuns, devo acrescentar)!
É REALMENTE NOTÁVEL A RIQUEZA QUE IMPRIMES AOS TEUS TEXTOS TÃO DENUNCIADORES DE ALGUÉM CUJA PROFUNDIDA FELIZMENTE CONSEGUE EXPRIMIR TÃO BEM EM PALAVRAS. ATÉ ACRESCENTO QUE DEPOIS DE LER TODOS OS COMENTÁRIOS QUE FIZESTE ÁS FOTOS, DARIA UM LIVRO BEM INTERESSANTE, DAS FOTOS DE TODOS ILUSTRADAS PELOS TEUS COMENTÁRIOS UMA A UMA.
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