quinta-feira, fevereiro 21, 2013

10. ~pi

o vazio aconchegava-se na vagarosa circulação do quarto:
havia o lugar onde se reunia o espólio dum tempo
habitado
éramos duas, as bailarinas, abrindo lapsos pelos soalhos
esburacados:

outra-de-mim-eu e a mulher-estátua que transportava
na luz das mãos
um ritual eternamente inacabado
a espessura cinzenta da memória reunida numa taça de louça
como ela mesma era da louça - fina, frágil e
sagrada.

~pi

7 comentários:

M. disse...

«Fina, frágil e sagrada». Assim a existência humana, antes e depois dos antiquários, ou das contralojas...

Rocha de Sousa disse...

Uma forma delicada e poética de resgatar o sentido da imagem para
além de si mesma, com a memória
e a experiência de um tempo antigo.

Luisa disse...

Tantas dessas imagens ainda retenho na memória!

bettips disse...

Esta descrição é como se uma fada andasse entre nós e as coisas. Fina e frágil, não pesando mais que um grão de arroz, com olhinhos esmeralda.

bettips disse...

Nem sei se entrou o meu comentário...
Como é "uma impressão" na hora nem sei o que disse, vagamente sobre uma fada, fina e frágil, pequena como um grão de arroz e com olhos esmeralda.

Justine disse...

É isso: uma loja destas faz-nos levantar voo, sonhar, dançar! Belo, Luci...

Licínia Quitério disse...

Sim, tinha que ser. Tu-ela-estátua-bailarina-vogando. :))