o
vazio aconchegava-se na vagarosa circulação do quarto:
havia o lugar onde se reunia o espólio dum tempo
habitado
éramos duas, as bailarinas, abrindo lapsos pelos soalhos
esburacados:
outra-de-mim-eu e a mulher-estátua que transportava
na luz das mãos
um ritual eternamente inacabado
a espessura cinzenta da memória reunida numa taça de louça
como ela mesma era da louça - fina, frágil e
sagrada.
havia o lugar onde se reunia o espólio dum tempo
habitado
éramos duas, as bailarinas, abrindo lapsos pelos soalhos
esburacados:
outra-de-mim-eu e a mulher-estátua que transportava
na luz das mãos
um ritual eternamente inacabado
a espessura cinzenta da memória reunida numa taça de louça
como ela mesma era da louça - fina, frágil e
sagrada.
~pi
7 comentários:
«Fina, frágil e sagrada». Assim a existência humana, antes e depois dos antiquários, ou das contralojas...
Uma forma delicada e poética de resgatar o sentido da imagem para
além de si mesma, com a memória
e a experiência de um tempo antigo.
Tantas dessas imagens ainda retenho na memória!
Esta descrição é como se uma fada andasse entre nós e as coisas. Fina e frágil, não pesando mais que um grão de arroz, com olhinhos esmeralda.
Nem sei se entrou o meu comentário...
Como é "uma impressão" na hora nem sei o que disse, vagamente sobre uma fada, fina e frágil, pequena como um grão de arroz e com olhos esmeralda.
É isso: uma loja destas faz-nos levantar voo, sonhar, dançar! Belo, Luci...
Sim, tinha que ser. Tu-ela-estátua-bailarina-vogando. :))
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