quinta-feira, fevereiro 14, 2013

5. Licínia



O vazio agarra-nos pela garganta, sobe, irradia, instala-se na nossa mesa. Não fala porque nada há para ser dito. A praça é um cenário de cartão. As pessoas são meros sinais de ausência. Os pássaros não se atrevem ao voo. O vazio é o nome que damos à cidade que somos quando o amor desaprendemos. 

Licínia

10 comentários:

M. disse...

Aqui de novo a beleza do vazio. Ainda que doloroso quando também "as pessoas são meros sinais de ausência". Muito bonito.

jawaa disse...


Logo, logo, a Primavera enche o cenário de verde e o amor reaparece!

Justine disse...

Triste, minha amiga poetisa. Mas tão belo!

bettips disse...

As mãos nuas agarram a garganta da rua. A cidade, desabituada da alegria, é assim que a sentimos quando este vazio (agressivo) invade as nossas esperanças.

agrades disse...

As árvores lembram mãos vazias a segurar o céu.

Luisa disse...

Belo mas doloroso este vazio da praça onde deviam estar pessoas que já desistiram e recolheram às casas dos seus problemas.

Anónimo disse...

Uma boa fotografia de um conhecido lugar que só indirectamente se pode
ligar ao vazio, talvez mais à solidão. O texto tenta o argumento,
tem a legitimidade que tem

Rocha de Sousa

Licínia Quitério disse...

Olhe, Rocha de Sousa, eu vou tentando, vou tentando, com as fracas equipagens de cultura que possuo. Talvez um dia lá chegue... Quanto à legitimidade, disso não duvide, o texto é legítimo, sentido e sem presunções de ser avaliado de cátedra. Este recanto que a M. nos concede não é propriamente, e ainda bem, uma mostra de habilidades, mas de dádivas e de sentires. E de elegância e de simplicidade e de afecto. Consegui fazer-me entender?

do Zambujal disse...

Tanto a reaprender em cada desaprendizagem...
A poesia em tudo, como é próprio das/os poetas. Assim se preenchem vazios.

Benó disse...

"...quando o amor desaprendemos". Fica-nos realmente, um vazio, dificil de preencher.