5. Licínia
O vazio agarra-nos pela garganta, sobe, irradia, instala-se na nossa mesa.
Não fala porque nada há para ser dito. A praça é um cenário de cartão. As
pessoas são meros sinais de ausência. Os pássaros não se atrevem ao voo. O
vazio é o nome que damos à cidade que somos quando o amor desaprendemos.
Licínia
10 comentários:
Aqui de novo a beleza do vazio. Ainda que doloroso quando também "as pessoas são meros sinais de ausência". Muito bonito.
Logo, logo, a Primavera enche o cenário de verde e o amor reaparece!
Triste, minha amiga poetisa. Mas tão belo!
As mãos nuas agarram a garganta da rua. A cidade, desabituada da alegria, é assim que a sentimos quando este vazio (agressivo) invade as nossas esperanças.
As árvores lembram mãos vazias a segurar o céu.
Belo mas doloroso este vazio da praça onde deviam estar pessoas que já desistiram e recolheram às casas dos seus problemas.
Uma boa fotografia de um conhecido lugar que só indirectamente se pode
ligar ao vazio, talvez mais à solidão. O texto tenta o argumento,
tem a legitimidade que tem
Rocha de Sousa
Olhe, Rocha de Sousa, eu vou tentando, vou tentando, com as fracas equipagens de cultura que possuo. Talvez um dia lá chegue... Quanto à legitimidade, disso não duvide, o texto é legítimo, sentido e sem presunções de ser avaliado de cátedra. Este recanto que a M. nos concede não é propriamente, e ainda bem, uma mostra de habilidades, mas de dádivas e de sentires. E de elegância e de simplicidade e de afecto. Consegui fazer-me entender?
Tanto a reaprender em cada desaprendizagem...
A poesia em tudo, como é próprio das/os poetas. Assim se preenchem vazios.
"...quando o amor desaprendemos". Fica-nos realmente, um vazio, dificil de preencher.
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