Observando
a imagem, que me lembra o cenário preparado para uma peça de teatro
ao ar livre, vejo duas cadeiras iguais partilhando uma pedra de cor
clara. A terceira cadeira é diferente, talvez mais ágil, sem braços
a sugerir confortos, e tem uma pedra cinzenta aos seus pés, o que me
leva a pensar que está ali de reserva, just
in case, o
olhar de soslaio pousado sobre a pedra à sua direita, essa sem
companhia. Talvez valha a pena entabularem conversa, nunca se sabe
que entendimentos daí possam surgir. Possuem alguns traços físicos
em comum, carnação escura, arestas vincadas, tamanhos idênticos. O
seu íntimo desconhecemos, só pegando em cada uma seremos capazes de
lhes avaliar o peso. Até arrisco dizer o
peso
das ideias.
Tenham as pedras ideias ou não, quem lhes pegou e as colocou ali
tem-as. A quarta pedra, escondida entre a relva, recordou-me o
“Ponto” dos teatros antigos, metido dentro de um buraco no palco
ou numa caixa com abertura virada para os actores em cena, a narrar
em voz baixa as falas quando eles se esqueciam dos textos. Alçapão
parece haver um, oculto sob uma tampa verde... Ah e o título da peça
podia ser A
Natureza das Coisas.
Ora, deixa-te de fantasias, trata-se apenas de um espaço aberto em
que elementos diversos marcam presença.
M
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