quarta-feira, novembro 03, 2021

4. Licínia

“…. Cá para mim aposto que o desmaio dela tem a ver com a tristeza que carrega naqueles olhos como não há outros, com a nuvem que mais ninguém vê, que só eu sei quando nasceu, que só eu sei quando começou a escurecer. Ai, Aura, Aura, talvez um dia me contes, talvez um dia chores no meu colo, talvez choremos as duas, nós, mulheres que erraram o amor, que erraram a vida. Eu estou no fim da estrada, Aura, sou sem remédio, mas tu, filha, podes ainda voltar atrás, ou mudar de direcção, quem sabe numa curva do caminho, num qualquer desvio de ocasião, numa vereda que há muito tempo não percorres. És tão distraída, Aura. …”

Do meu livro OS OLHOS DE AURA, ed. Poética Editorial, pág. 46

Licínia

8 comentários:

Anónimo disse...

Tudo depende de aproveitar o tal momento
Luisa

M. disse...

Os olhos e o que eles vivem e nos mostram.

bettips disse...

Os conselhos de mãe... que raramente se seguem.
Um belo livro.

Mónica disse...

Um bocadinho fatídico "errar a vida", matou alguém?

Licínia Quitério disse...

Não é esse o sentido, Mónica.

Anónimo disse...

Bonita capa. Uma bela fotografia.

Teresa

Justine disse...

É uma obra desafiadora, e encaixa muito bem no contexto do desafio. Apeteceu-me reler...

mena maya disse...

Também se vê com o coração...