quinta-feira, novembro 18, 2021

7. Margarida

O paladar já todos conhecem.

Seja escalado, seco ao sol, refogado, cozido, grelhado ou simplesmente no forno.

Todo ele é bom, de todas e qualquer forma.

 Do olfacto nem falar. É só cheirar!

 Mas o polvo tem outras qualidades, tão intensas e tão interessantes a todos os outros sentidos.

E aqui misturo-os todos.

É bonito de se olhar, tem uma cor linda e é um bicho (enquanto vivo) deveras curioso, inteligente, dizem até.

É viscoso e macio ao tacto, não se deixando agarrar.

Quanto à audição, bate-nos aos pontos: não se ouve, é subtil, dissimulado, invertebrado.

Não se dá por ele.

Esconde-se pelos fundos dos mares ou pelas entradas das suas rochas submersas.

Margarida

5 comentários:

M. disse...

Uma espécie de poema ao polvo.

Licínia Quitério disse...

"Se está nos limos, faz-se vestir ou pintar das mesmas cores - de todas aquelas verde; se está na areia, faz-se branco; se está no lodo, faz-se pardo; e se está em alguma pedra, como mais ordinariamente costuma estar, faz-se da cor da mesma pedra.
.
E daqui que sucede? Sucede que outro peixe, inocente da traição, vai passando desacautelado, e o salteador, que está de emboscada dentro do seu próprio engano, lança-lhe os braços de repente e fá-lo prisioneiro.
Fizera mais Judas? Não fizera mais, porque não fez tanto."

Pe. António Vieira, no seu Sermão de Santo António aos Peixes

bettips disse...

Um camaleão em todos os "sentidos".

Justine disse...

É um dissimulado, é o que ele é...e claro, inteligente!

Mónica disse...

fiquei sem vontade de comer polvo.. e a fotografia tornou-se sádica