quarta-feira, maio 22, 2024

3. Licínia


 

Um rio de securas,

porta aberta ao mar.

Desejo de onda,

sonho de barcos, de remos, de velas.

Quem lhe dera.

Teve peixes, sim, de prata pura.

No tempo das raparigas de bronze

e dos músculos inquietos dos rapazes.

No tempo dos cachos de uvas,

das bocas húmidas das raparigas,

das vozes quentes dos rapazes.

Foi um rio de risos, de ousadias,

de chapéus de flores,

de ninfas e efebos,

de iniciações e descobertas.

Um rio leito de frescuras e ardências.

Se o mar de novo entrar

quem sabe brilharão

os dorsos das tainhas

e os chapéus de flores

e os bagos de oiro

irão provocar

os risos de outras margens.

Licínia

Nota: Praia da Foz do Rio Lizandro

6 comentários:

Margarida disse...

E também há o Sizandro, ou não?

Licínia Quitério disse...

Há, mais para Norte.

M. disse...

Um poema muito bonito com uma fotografia a acompanhar a alma sentida do poema. Ai a memória...

Anónimo disse...

Bonita fotografia. A praia actualmente está muito boa.

Teresa

Anónimo disse...

Gosto sobretudo da poesia
Luisa

mena maya disse...

Que belo poema, Licínia.

Margarida o Sisandro desagua junto à Praia Azul, em Santa Cruz.