quinta-feira, março 29, 2012

"COM AS PALAVRAS DENTRO DO OLHAR"



É com esta sua bela fotografia que a Bettips provoca o nosso olhar e as nossas palavras.

(Felizmente que ainda temos tempo...)

AGENDA PARA ABRIL DE 2012

Dia 5 - Provérbios Fotografados: «Asado é o pau para a colher»
Dia 12Reticências com a frase “Assim pousamos” a iniciar o texto
Dia 19 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia de Bettips
Dia 26 Fotografando as palavras de outros sobre este poema belíssimo

Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
Ambos existem, cada um é como é.

Alberto Caeiro, Poesia (Poemas Inconjuntos), Obras de Fernando Pessoa/18, Edição Fernando Cabral Martins e Richard Zenith, Setembro 2001, Assírio e Alvim

O desafio de hoje: "Fotografando as palavras de outros"

As 13 fotografias abaixo identificadas exprimem como cada um de nós sentiu este belíssimo, e verdadeiro, pensamento de Vergílio Ferreira.


671 No amor nunca os pratos da balança estão equilibrados. E como a essência do amor é etérea, quem pesa mais é quem ama menos.

Vergílio Ferreira, Pensar, Bertrand Editora, 2004


13. Zambujal

12. Teresa Silva

11.Nucha

10. Mena M.

9. Mac

8. M.

7. Luisa

6. Licínia

5. Justine

4. Jawaa

3. Bettips

2. Benó

1. Agrades

quinta-feira, março 22, 2012

AGENDA PARA MARÇO DE 2012

Dia 29 – Fotografando as palavras de outros


671 No amor nunca os pratos da balança estão equilibrados. E como a essência do amor é etérea, quem pesa mais é quem ama menos.


Vergílio Ferreira, Pensar, Bertrand Editora, 2004

"Partida" por Zé-Viajante

"Partida" por Zambujal

"Partida" por Teresa Silva

"Partida" por Rocha/Desenhamento

"Partida" por ~pi

"Partida" por Nucha

"Partida" por Mena M.

"Partida" por Mac

"Partida" por M.

"Partida" por Luisa

"Partida" por Licínia

"Partida" por Justine

"Partida" por Jawaa

"Partida" por Bettips

"Partida" por Benó

"Partida" por Agrades

quinta-feira, março 15, 2012

AGENDA PARA MARÇO DE 2012

Dia 22Fotodicionário com a palavra “Partida“ escolhida pela Teresa Silva

"COM AS PALAVRAS DENTRO DO OLHAR"



Foi esta a fotografia que serviu de inspiração aos 12 textos abaixo identificados.
Nos jardins da diferença nos encontramos.
M

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A quem se interrogar sobre a ausência da Nucha, respondo que ela me avisou que de momento não tem disponibilidade de tempo para participar nestes nossos desafios, embora pense regressar logo que lhe seja possível. Assim o espero.

12. Zé-Viajante

Verdes são os campos do Vale da Raposa. Que via da janela da casa antiga e que ainda hoje são visíveis da Correnteza.
Verde selvagem com muitas ervas, vegetação que vai crescendo sem controlo, lixeira rapidamente tapada por mais ervas. Mas verde.
Verde que alguém quer - uma luta de muitos anos - transformar em betão em forma de parque de estacionamento.
Negro o futuro daquela zona. Porque um dia, infelizmente, eles vão conseguir.
Os Vampiros.

Verde a extensa mata que se estende (agora já passado?) desde Monte Santos até à Ribeira de Sintra. Muitos hectares, milhares de árvores. "Em nome do progresso" já está a nascer ali uma Urbanização. De luxo, com "resortes", e tudo o resto.
Foram derrotados os Amigos do Património de Sintra.

Zé-Viajante

11. Zambujal

“Pedra filosofal”

Devagar, saboreando cada passo, livro debaixo do braço, encaminho-me para a “pedra filosofal” à sombra das azinheiras.
Ela ali está, à espera, como sempre, no lugar e à medida do meu sentar ao pôr do sol.
Chama-me, àquele grande bloco de pedra, a lembrança de como assim acompanhava o meu pai nas tardes soalheiras. Há dezenas e dezenas de anos.
Olho os verdes, e as sombras deslocando-se lentamente como ponteiros do inexorável relógio da natureza. Hoje, como ontem fizeram, como amanhã o farão. O livro pousado ao lado, provisoriamente sem préstimo, inútil.
Assim cumpro um ritual, tão poucas vezes cumprido mas tão intensamente vivido.

(no) Zambujal

10. Teresa Silva

Bonita fotografia. Gosto principalmente das sombras projetadas na relva que dão à imagem diversas tonalidades de verde. No entanto, algum do verde está um pouco amarelado, fruto da falta de chuva que se faz sentir neste Inverno. Não fora isso e o tapete de verde seria perfeito.

Teresa Silva

9.~pi

Relembro, sim: havia, de facto, uma curva no final do Jardim Sem Esplendor... apenas digo outra vez que dali nunca passei e por isso me dispenso de dizer palavras desnecessárias sobre o resto do caminho ou sobre o chicote do rio que ouvia quando chovia, sobre o choque na fonte entre as bilhas ou o murmúrio acalentado dos gansos ao entardecer; e embora dali pudesse ver as negras amoras clandestinas de açúcares densos, nunca me aproximei, porque, repito, dali nunca saí e nunca percorri qualquer caminho nem desejei jamais percorrer.

~pi

8. Mena M.

Os contrastes da vida,
nestes desenhos de sombra e luz em constante movimento,
que desde sempre me fascinaram.

Mena

7. M.

Não ouso pisar a relva, tenho receio de assustar os pássaros que debicam migalhas de pão entre arabescos de sombras.

M

6. Luisa

Não é um campo de golf - não tem buracos na terra
Não é uma zona de passeio de cães - não há restos de "necessidades"
Não é um pasto - não há ovelhas à vista
Então posso deitar-me na relva, olhar o céu e depois rebolar, rebolar até me esquecer que já não sou criança.

Luisa

5. Licínia

Um joelho pousado sobre a relva, Clarisse parece acariciar o verde com as polpas dos dedos da mão. Fica assim, naquele tempo de pintura antiga, estalada a pele da mão, a pele do rosto, escurecida a palha do chapéu, franzida a roupa. Intacta a cor dos olhos, da mesma tinta que foi dada à relva. Nos pequenos arcos de círculo, que a mão vai desenhando, passam pés pequeninos, hesitantes, vigiados. Não deixam marcas, são alados. Não tarda, os bem maiores, trementes, espalhando cheiros de flores e de sementes. Clarisse suspende o gesto, ergue-se. Há sítios onde a relva não regressa. O verde dos seus olhos escurece, levemente.

Licínia

4. Justine

Quero lá saber que pensem que já não tenho idade para estas coisas: estou tão cansada das compras do mês que vou largar os sacos aqui, vou tirar os sapatos e esticar-me neste relvado macio, a descansar à sombra! Ah como é bom o sossego!

Justine

3. Bettips

Com as palavras dentro do olhar colho flores de ideias muito recuadas e muito recorrentes!!!
E dentro desta fotografia, fica-me a lembrança de "Descalços no Parque", peça de teatro de Neil Simon, 1963 (e adaptada a filme em 1967), a que assisti algures nos anos 60. Tanta vez que olho a relva ou me cheira a erva cortada, me vem esta dança à memória!
Mas ainda e pela luz... William Wordsworth (1770-1850) e parte do seu maravilhoso poema, imortalizado no filme "Esplendor na Relva":
...
"What though the radiance which was so bright
Be now for ever taken from my sight,
Though nothing can bring back the hour
Of splendor in the grass, glory in the flower;"
...

Bettips

2. Benó

Sombras disformes, alongadas, projetadas sobre o verde da esperança. Elas representam a realidade da nossa fantasia... Podem ser fadas ou duendes, anões ou gigantes, princesas ou reis.
As sombras representam uma realidade distorcida, imprecisa do objeto iluminado.

Benó

1. Agrades

Sol e sombra que nos guiam conforme o nosso estado de alma: umas vezes expomo-nos ao sol e aos olhares alheios, outras escolhemos a sombra para passar despercebidos.

Agrades

quinta-feira, março 08, 2012

AGENDA PARA MARÇO DE 2012


Foto de Benó


Dia 15Com as palavras dentro do olhar sobre a bela fotografia da Benó acima mostrada

"RETICÊNCIAS", O DESAFIO DE HOJE

Abaixo, de 1 a 14, estão as fotografias e os textos de todos os participantes que responderam à frase Era uma vez.

Parabéns! Vocês são fantásticos!

14. Zé-Viajante



Era uma vez uma casa muito velhinha, secular, que estava num estado degradado. E hoje, passadas muitas vicissitudes... Está "novinha em folha".

Zé-Viajante

13. Zambujal



Era uma vez…

Era uma vez, em Alexandria.
Era uma vez, em Alexandria, a menina corria.
Era uma vez, em Alexandria, a menina corria, e as mulheres, de cara tapada, vigiavam.
Era uma vez, em Alexandria, a menina corria, e os rapazes, de corpo molhado, brincavam.
Era uma vez, em Alexandria, a fotografia.

Zambujal

12. Teresa Silva



Era uma vez uma árvore com cerca de 50 anos que cresceu de forma um pouco assimétrica mas que, além de bonita, cumpria plenamente a sua função de dar sombra no Verão. No Inverno perdia a folha mantendo embora a sua imponência. Uma destas manhãs acordei ao som de uma moto serra. Por ordem de um qualquer vereador ou funcionário os troncos foram todos cortados e arrancada pela raiz. Parece que estava em perigo de cair...

Teresa Silva

11. Rocha/Desenhamento



Era uma vez, as coisas desaparecendo, tudo começou a perder-se nas ruas vazias, pessoas e carros, um apocalipse manso, sem nexo, a que só alguns poetas solitários sobreviveram. Mas aos poetas solitários acontece, num mundo deserto, que as palavras se fixam nos restos baços da cidade, o café fechado, as mesas ao abandono. Dedilham papéis, pensam em palavras decisivas, e então sabem que ainda há vivos para morrer em Homs. Isso basta-lhes para ficarem atentos, esperando.

Rocha de Sousa

10. ~pi



era uma vez uma mulher cruzada numa ilha
anunciada alga com gestos de cristal
permanecia a fio da noite à flor do dia

e mergulhava perfumada de agonia
como se fosse um ramo de aves-lira
como quem despe o corpo num só trago

~pi

9. Mena M.



Era uma vez...
um sonho feito barco à janela ancorado,
de velas enfunadas pelo vento da esperança,
à espera da maré!

Mena M.

8. M.



Era uma vez um edifício muito alto que morava numa cidade à beira-rio. Reparei nele. Sobressaía num bairro de ancestralidades e estilos diferentes do seu pelo que dei comigo a pensar no que teria sentido ao ir pouco a pouco tomando consistência entre a terra e o céu, encaixado naquele espaço de criações outras que não a sua. E imaginei que poderia ter estranhado vizinhança tão diversa, o que o levaria a recolher-se atrás dos pequenos rectângulos marcados no corpo que, à distância do meu olhar, me pareciam janelas fechadas. Mas, tanto quanto me é dado fantasiar, a presumível desconfiança e desajuste iniciais entre os residentes ter-se-á dissipado com a convivência diária. E de tal forma íntima ela se tornou, suponho, que a ampla parede do jovem edifício passou a ser lugar de encontro para o pensamento do olhar.

M

7. Luisa



Era uma vez uma terra onde viveram alanos, visigodos, romanos, mouros, lusitanos. Nela se acolheram humanistas, poetas, rainhas e santas. E um dia nasceu lá uma princesa:eu.

Luisa

6. Licínia



Era uma vez... Assim o princípio do mar do encantamento. Uns olhos que se agarram à pele das palavras. Uma voz a ondear na praia. Um esvoaçar de mãos quase a aflorar o bater dum coração ansioso. Era uma vez... Assim se convoca a gota de mel ou o minúsculo cavalinho voador ou a menina de capinha vermelha ou a fada-passarinho tão leve tão leve a poisar na agudeza dos ramos do pinheiro alvar.
É urgente inundar de histórias os salões. A crueldade fez estragos nos olhos do sultão. Farto de virgens por uma noite, que o sangue delas, novo e quente, não logrou refazer o rasgão na tela do seu peito. Que volte Sherazade. Com outros véus, acrescentada de saberes e engenhos, com mil vozes por dentro das palavras, serena e digna, recuperada das infâmias, de ventre fértil e infinito canto. Liberta da raiva o sultão, suspende a degola dos inocentes, estende até nós o tapete mágico das palavras criadoras. Tu sabes, Sherazade, andam tão tristes os salões.

Licínia Quitério

5. Justine



Era uma vez… uma família tão medrosa, tão medrosa, que, para além de ter comprado um cão agressivo para afugentar os vizinhos, escolheu viver numa casa com o número 13 para afugentar os espíritos!

Justine

4. Jawaa



Era uma vez um gato maltês...

Jawaa

3. Bettips



Era uma vez... uma pedra
amaciada de musgo,
uma árvore forte,
um feto ao sol,
outro pequenino na timidez de ser novo.
Era uma vez uma doçura/uma amargura
a lembrança.
Agora que tive tantos dias para os olhar tão perto, para onde me fogem esses olhos?
Tão cansados os olhos cor de floresta da minha mãe.

Bettips

2. Benó



Era uma vez um trio angelical que mesmo sem voz se fazia ouvir com os seus canticos natalicios entre todos os outros que compunham uma pequena orquestra muito bem afinada e que nos encantava na noite da consoada.
Mas o cantor do meio tinha os olhos fechados, talvez para melhor se concentrar na ária musical que tinha de executar e, por isso, não se apercebeu dumas mãos traquinas e gordinhas, ainda pouco firmes na segurança de objetos, que agarraram os cantores e num abrir e fechar de olhos era uma vez um anjinho sem cabeça.

Benó

1. Agrades



Era uma vez uma cabeça que andava às voltas, às voltas, à procura de uma ideia.
Tantas voltas deu, tanto girou e rodopiou que se tornou num cata-vento.

Agrades