Um joelho pousado sobre a relva, Clarisse parece acariciar o verde com as polpas dos dedos da mão. Fica assim, naquele tempo de pintura antiga, estalada a pele da mão, a pele do rosto, escurecida a palha do chapéu, franzida a roupa. Intacta a cor dos olhos, da mesma tinta que foi dada à relva. Nos pequenos arcos de círculo, que a mão vai desenhando, passam pés pequeninos, hesitantes, vigiados. Não deixam marcas, são alados. Não tarda, os bem maiores, trementes, espalhando cheiros de flores e de sementes. Clarisse suspende o gesto, ergue-se. Há sítios onde a relva não regressa. O verde dos seus olhos escurece, levemente.
Licínia
5 comentários:
Um texto lindo, cheio de poesia.
Que belo, que certo, que ex-certo bom de ler.
Saudações
parece-me tranquila e leve, Clarisse -
ainda que o verde se vá
rareando ou
clareando :-)
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Clarisse teve uma poetisa a observá-la...
Clarisse é assim, folheia álbuns e nascem-lhe os sonhos em palavras. Como eu dizia do olhar de minha mãe, "a floresta nos olhos".
Clarisse sábia, sabe, dos faunos donde nascem pétalas e dos trogloditas-pessoas que queimam o chão.
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