segunda-feira, janeiro 28, 2013

O DOMINGO DE ONTEM


Na sequência de uma visita que fiz ontem à exposição O Riso, no Museu da Electricidade, acompanhada por duas meninas da minha idade, mais ano menos ano, lembrei-me deste post do meu antigo blog Fotoescrita, com data de Janeiro de 2006.
Associações de ideias. Também porque encontrei lá várias crianças.


Simetrias
(Foto de S.

Os Meninos, o Colégio e o Museu

São tão graciosas as crianças (uma espécie de pureza intocável), quando passam em fila nas ruas, as mãos pequeninas agarrando o bibe do menino da frente. Para que se não percam no trilho marcado, ou fujam dele, que por vezes os adultos não compreendem a necessidade que elas têm de deslizar para o desconhecido.
Pois é, lembrei-me delas quando olhei para o belo edifício em tijolo desta fotografia em que as janelas lado a lado parecem dar-se as mãos. Nele encontrei igualmente semelhanças com um colégio tradicional, género internato inglês (Yes, sir, I’m coming), com a rigidez e os conhecimentos da época desenhados na arquitectura das janelas alinhadas. Fantasia minha, claro, porque sei que este edifício abrigou uma velha central térmica do início do século vinte que, em anos que já lá vão, produzia energia eléctrica para a cidade de Lisboa. Contudo, depois de encerrada devido às novas tecnologias com que o futuro presenteia habitualmente o presente, assim deixando rapidamente de o ser, e transformada em Museu da Electricidade, talvez as minhas associações de ideias não sejam tão descabidas quanto isso. Meninos, colégio, museu. Não os frequentam as crianças, à descoberta do desconhecido e do melhor entendimento das coisas do mundo? Ainda que em fila e segurando o bibe do menino da frente, porque o prazer de explorar também requer a companhia dos seus iguais.
M

6 comentários:

Rocha de Sousa disse...

É muito curioso este texto, pela abordagem que faz da fotografia, a
imagem do austero edifício colegial
que ali nunca existiu. E diso se avisa o leitor. Muito participei na
antiga Central, já desativada mas
inteira na sua maquinaria interna,
cujo espectáculo era fabuloso. Fiz,
com José Elyseu, um filme sobre o interior e exterior da Central, conferindo-lhe o título de MUSEU
ENCOBERTO. Produção e publicação da
RTP 1

bettips disse...

Ainda hoje dão as mãos, parece, aquele arco branco no tijolo (english type).
Actualmente ou actual, a mente associa; e não é descabida, a mente!
Aqui é perfeita.
(talvez me tivesse vindo daí essa vontade de museu que pouco tempo a seguir visitei - quem sabe de associações?).
Bjs

Luisa disse...

As associações que fazemos são sempre um mistério e não são compartilháveis. De que parte do nosso cérebro ou do nosso coração vêm elas? Vivências.

jawaa disse...

Independentemente das belas exposições que se vão sucedendo no actual museu, é sempre interessante rever as estruturas da antiga central com os seus canos coloridos, mais e menos grossos consoante a função.
E o riso, ah, o riso ainda vai sendo algo que não se compra nem se vende nem se pode roubar. Nem a vida tem esse poder, sobra sempre um sorriso para dar a quem mais necessita, a quem o não pode ou não quer oferecer.

Benó disse...

Quando adolescente morei aí perto, Belém e, sinceramente, nunca gostei desse edifício. Achei-o sempre muito austero, muito escuro. Mas o teu texto acaba por aligeirar esse meu sentir.
Um abraço.

Justine disse...

Um texto carregado de belíssimas analogias, uma foto excelente na sua limpidez, a alegria de relacionar memórias que permanecem vivas!
Adorei, M.:))))

(e gosto tanto do edifício, e ainda não fui ver a exposição - mas tenho de ir!!)