Imediatamente me veio à ideia “uma alface, uma planta”, pela cor e pelo movimento, como que brotando da terra. A segunda visão tem algo a ver com o deslumbramento da música, de como o engenho dos homens amplificou o som dos discos antigos em cerâmica de 78 rotações, dos bailes de vestidos compridos, das debutantes em rodopios e valsas. Vi este altifalante em muitos filmes datados, alguns em museus, com formas de folhas, de pétalas trabalhadas, tão bonitos. Anda agora a nova moda do Vinyl, diz-se que o som é mais natural que em Cd ou Dvd. Eu sempre apreciei o ritual de fazer coisas, os gestos manuais e ordenados, que nos levam os dedos em pequenos toques: escolher a pensar, limpar a faixa, colocar a agulha com cuidado, até à audição da música. Tenho uma pequena fortuna em discos... e dá-me gozo, depois do aparecimento de tantos apetrechos sem fios e teclas de carregar, voltar ao gira-discos primitivo e ouvir: um breve intervalo, o arranhar da agulha em introdução muda e os sons antigos da minha vida toda.
Marie Laforêt morreu há dias, com 80 anos, uma mulher lindíssima, uma voz pura; está no núcleo dos meus primeiros discos, com “La Tendresse”, um sentimento que muito aprecio existir entre as pessoas.
Bettips
1 comentário:
Como eu gostava da voz de Marie Laforêt, Betty, e como eu desejada a sua beleza em mim...
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