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A Vida só vale um vintém - dizia meu Pai, nascido ainda em tempos de monarquia, para quem um vintém ainda valia alguma coisa. Era o correspondente a um centavo, já no tempo dos escudos; todavia o que recebia como «pré» quando fez o serviço militar, logo no fim da primeira Grande Guerra, eram apenas alguns vinténs.
Um século decorrido, leio os escritos que ele deixou das suas memórias quando, já em Angola com seus irmãos mais velhos, para ali emigrados para fugirem precisamente ao recrutamento para essa guerra desastrosa que ceifou a juventude do país: quando se viu sozinho em terras do Cunene, cercado por uma natureza exuberante de vida, refletiu sobre o valor da moeda e concluiu que a vida é boa, só o dinheiro não tem procura. Não tem valor, embora se compre um boi por cinco escudos e um porco gordo por dois e meio.
A vida lhe ensinou, e ele nos ensinou, que o dinheiro não dá felicidade – é só metade dela porque nos dá segurança – porque esta depende tão só dos afetos e da tolerância.
Como o nosso mundo do século XXI seria diferente se todos tivessem da VIDA essa compreensão!
Jawaa
3 comentários:
Bela história de aprendizagem dos valores da vida
Luisa
Tu dás-nos um magnífico retrato dessa aventura de família!!! De valores que quase se desconhecem, hoje. Ou estão camuflados por tanta maquilhagem.
Afecto e tolerância, a base segura da Vida.
O mundo foi perdendo os valores éticos e humanistas, trocando-os pelo lucro e pela ganância.
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