quarta-feira, setembro 16, 2020

7. M.

A minha vida em 4 tempos:

3. Distante e próximo

Distante e próximo. Olhar para esta fotografia levou-me a reflectir sobre os significados das duas palavras, a ligação entre ambas, entre elas e nós. Distante e próximo, uma realidade em que nos movemos, com que lidamos, um assunto que me interessa. Tirei esta fotografia em 2011, não me lembro onde, tão distante o ano, mas não importa, gosto muito da paisagem de certo modo solitária, gosto da luz serena pousada no tempo, num tempo de espera, parece-me. O ritmo da Natureza. Sinto nela uma presença inexplicável que é também ausência, movimento e imobilidade. O meu olhar faz zoom in e zoom out, procuro o todo e os detalhes, o pensamento acompanha a busca, estou longe e estou perto, estou fora e estou dentro. Pergunto-me o que sei eu desta vida diferente da minha, onde está quem não conheço e trabalha este campo, quais as suas dificuldades, sucessos, sonhos, tanta coisa. O ritmo humano. Próxima e distante pode ser a paisagem-vida para cada pessoa, dependerá talvez do ponto de focagem escolhido. À semelhança das máquinas fotográficas.

M

4 comentários:

Anónimo disse...

Difícil de saber quem são os outros, mesmo os mais próximos.
Luisa

bettips disse...

Vidas roladas, longe ou perto dos nossos olhos, sempre surpreendentes. Um discorrer filosófico sobre a tua presença/ausência ao pousar o olhar nas coisas insignificantes. Parecem; e não são.

Justine disse...

M., este texto é a melhor interpretação que alguma vez li ou ouvi de uma fotografia, e como sabes passei 2 anos a ouvir interpretações de fotografias próprias e alheias. Muito bom!

Mónica disse...

gosto muito dos fardos de feno, já tentei fotografá-los de perto e ao longe (cilindros, paralelepípedos, plastificados de várias cores) mas nunca consegui nada de jeito, a tua fotografia está muito bonita. e a reflexão sobre a vida também.