quarta-feira, junho 09, 2021

5. M.

  
Não possuo um jardim, estou limitada a pequenos vasos com plantas onde, à medida que vão crescendo, utilizo estes utensílios miniaturais de jardinagem para as acomodar melhor no espaço exíguo. Passeio em jardins públicos ou nos de amigos, com a vantagem de não ter de pensar em manutenções trabalhosas. Noutras ocasiões, delicio-me com as belíssimas imagens de quadros de Van Gogh apresentadas neste livro. Sinto-o a meu lado, caminhamos os dois pelos campos, ele a falar-me das cores e das pessoas do seu mundo, eu encantada com as flores vermelhas, azuis, tão delicados os lírios roxos, os brancos, magníficos os girassóis amarelos, frescas as manchas verdes. Viramos as folhas uma a uma, demoramos o olhar nos detalhes das paisagens, encontramos pessoas a conversar, outras curvadas em trabalhos campestres, cavando solos, semeando, cuidando de árvores. Naquela outra página, dói dentro de mim a árvore com os ramos despidos de folhas, como braços descarnados em corpo dolorido. Regressamos ao centro de Arles, tínhamos iniciado aqui o nosso passeio matinal, descansamos um pouco no terraço do Café, pomo-nos de novo ao caminho, tenho fome e sede de beleza. Lindíssimo é este meu livro por onde gosto de andar assim acompanhada, como se Van Gogh fosse um amigo próximo, real, que me convidou a visitar os seus jardins. Terá sido o título Vincent’s Gardens que me levou a imaginar essa familiaridade.

M

5 comentários:

Mónica disse...

És uma profissional, fiquei com inveja dos teus utensílios e dos teus passeios pelo Van Gogh

Margarida disse...

Bonito, M

bettips disse...

Uma companhia que tens/temos em comum. A bela loucura das cores, o emaranhado de emoções a que este pintor nos transporta, ao colo dos seus olhos inquietos... vamos entretanto seguindo o dele/teu passeio divino!

Anónimo disse...

Belos passeios que fazes assim pelos jardins
Luisa

Justine disse...

Van Gogh é um amigo próximo, pois se ele te abre as páginas dos seus jardins sempre que tu o desejas...