Não
possuo um jardim, estou limitada a pequenos vasos com plantas onde, à medida
que vão crescendo, utilizo estes utensílios miniaturais de jardinagem para as acomodar
melhor no espaço exíguo. Passeio em jardins públicos ou nos de amigos, com a
vantagem de não ter de pensar em manutenções trabalhosas. Noutras ocasiões, delicio-me
com as belíssimas imagens de quadros de Van Gogh apresentadas neste livro. Sinto-o
a meu lado, caminhamos os dois pelos campos, ele a falar-me das cores e das
pessoas do seu mundo, eu encantada com as flores vermelhas, azuis, tão
delicados os lírios roxos, os brancos, magníficos os girassóis amarelos,
frescas as manchas verdes. Viramos as folhas uma a uma, demoramos o olhar nos
detalhes das paisagens, encontramos pessoas a conversar, outras curvadas em trabalhos
campestres, cavando solos, semeando, cuidando de árvores. Naquela outra página,
dói dentro de mim a árvore com os ramos despidos de folhas, como braços descarnados
em corpo dolorido. Regressamos ao centro de Arles, tínhamos
iniciado aqui o nosso passeio matinal, descansamos um pouco no terraço do Café,
pomo-nos de novo ao caminho, tenho fome e sede de beleza. Lindíssimo é este meu
livro por onde gosto de andar assim acompanhada, como se Van Gogh fosse um amigo
próximo, real, que me convidou a visitar os seus jardins. Terá sido o título Vincent’s
Gardens que me levou a imaginar essa familiaridade.
M
5 comentários:
És uma profissional, fiquei com inveja dos teus utensílios e dos teus passeios pelo Van Gogh
Bonito, M
Uma companhia que tens/temos em comum. A bela loucura das cores, o emaranhado de emoções a que este pintor nos transporta, ao colo dos seus olhos inquietos... vamos entretanto seguindo o dele/teu passeio divino!
Belos passeios que fazes assim pelos jardins
Luisa
Van Gogh é um amigo próximo, pois se ele te abre as páginas dos seus jardins sempre que tu o desejas...
Enviar um comentário