quarta-feira, junho 23, 2021

9. Mónica

 Gato calipolense em contemplação, deitado no cruzamento negro das fiadas perpendiculares de mármore branco, patas junto ao peito de unhas recolhidas, aconchegado a si, descontraído, tranquilo, não desafia, não convida ao convívio, cabeça erguida, olhos abertos fitando o chão próximo, como quem pensa, distraído mas não a dormir, o suficiente para estar atento e não ser apanhado de surpresa, deixa claro que está a ver-nos, vai abrindo e fechando os olhos lentamente, tem demasiada preguiça e calor para se ir embora, como quem diz, uma praça tão grande, eu aqui tão tranquilo, forasteiros, respeitem as distâncias sociais entre gatos e pessoas. Uma festinha, uma fotografia, vá, é só isso. E lá ficou o gato. Quem me dera um pedaço de mármore negro do meu tamanho para me deitar e contemplar a vida.

Mónica

6 comentários:

bettips disse...

Lá fui, eu também, à wiki ver a raiz da palavra! Sempre se aprende algo que não se sabe ou nos passou despercebido em tempos que já lá vão.
Quanto aos gatos:
"The dog accepts you as a boss
A cat wants to see your resume"
No falar do gato e teu, um divagar que gostei de ler!

Anónimo disse...

E nós contemplamos o gato
Luisa

Justine disse...

Texto belo, de quem gosta e percebe os gatos, esses animais-perfeição da natureza!

Margarida disse...

Tão bonita a tua contemplação, Mónica. E tens o teu quadrado de mármore escuro, numa encruzilhada qualquer, p/ te aninhares e dormitares. Espertos bichos estes, hein? Escolheu a pedra + quentinha, por + escura ser. Adoro-os. Tb tenho uma calica/tricolor, como bem sabes. Gostei de ler

M. disse...

Gosto muito, Mónica.

Maria disse...

Já aqui cheguei um pouco tarde, mas ainda a tempo de dizer o quanto adorei este gatinho filósofo, meditando num pedaço de mármore negro numa imensa praça de Vila Viçosa.
À Mónica, desejo que encontre um pedacinho de mármore negro à sua medida para poder contemplar a vida.

Bom mês de Julho!
🐈