Gato
calipolense em contemplação, deitado no cruzamento negro das fiadas
perpendiculares de mármore branco, patas junto ao peito de unhas recolhidas,
aconchegado a si, descontraído, tranquilo, não desafia, não convida ao convívio,
cabeça erguida, olhos abertos fitando o chão próximo, como quem pensa, distraído
mas não a dormir, o suficiente para estar atento e não ser apanhado de
surpresa, deixa claro que está a ver-nos, vai abrindo e fechando os olhos lentamente,
tem demasiada preguiça e calor para se ir embora, como quem diz, uma praça tão
grande, eu aqui tão tranquilo, forasteiros, respeitem as distâncias sociais
entre gatos e pessoas. Uma festinha, uma fotografia, vá, é só isso. E lá ficou
o gato. Quem me dera um pedaço de mármore negro do meu tamanho para me deitar e
contemplar a vida.
Mónica
6 comentários:
Lá fui, eu também, à wiki ver a raiz da palavra! Sempre se aprende algo que não se sabe ou nos passou despercebido em tempos que já lá vão.
Quanto aos gatos:
"The dog accepts you as a boss
A cat wants to see your resume"
No falar do gato e teu, um divagar que gostei de ler!
E nós contemplamos o gato
Luisa
Texto belo, de quem gosta e percebe os gatos, esses animais-perfeição da natureza!
Tão bonita a tua contemplação, Mónica. E tens o teu quadrado de mármore escuro, numa encruzilhada qualquer, p/ te aninhares e dormitares. Espertos bichos estes, hein? Escolheu a pedra + quentinha, por + escura ser. Adoro-os. Tb tenho uma calica/tricolor, como bem sabes. Gostei de ler
Gosto muito, Mónica.
Já aqui cheguei um pouco tarde, mas ainda a tempo de dizer o quanto adorei este gatinho filósofo, meditando num pedaço de mármore negro numa imensa praça de Vila Viçosa.
À Mónica, desejo que encontre um pedacinho de mármore negro à sua medida para poder contemplar a vida.
Bom mês de Julho!
🐈
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