Numa
viagem - Há meia dúzia de anos fui em trabalho à Madeira, fiquei muito
contente, viajar em trabalho é uma espécie de apresentação gratuita do lugar,
quem me dera viajar mais vezes assim. Preparei previamente todo o trabalho,
contatos, agendamentos, horários, coordenadas GPS (na Madeira muitos prédios
não têm números de porta, têm nomes o que se torna complicado localizá-los),
tentei acautelar tudo o que sei que seria importante ter à mão, para ir
tranquila, fazer as visitas e o tempo restante de cada dia poder ir à praia,
passear, gozar a piscina do hotel, ver as famosas flores da Madeira, comer o
bolo do caco, os carrinhos de cesto, etc. Tive ainda um episódio caricato no
Banco com um cartão de crédito para poder alugar o carro, não correu bem mas na
véspera conseguimos contornar o problema. Chegada ao Funchal. Carro alugado com
GPS, mini autoestrada do aeroporto ao centro, com um trânsito exagerado e
limite de velocidade 90 km/h, uma obra com um impacto horrível, comecei logo a
ver que a Madeira não era o paraíso do postal e por aí em diante nos 4 dias de
trabalho. Em Junho quente e solheiro no continente revelou-se fresco e nebulado
na ilha. Flores vi-as nos locais óbvios, não nos campos, na paisagem, etc.
Carrinhos de cesto só se fosse maluca e quisesse dar com os dentes no asfalto.
Estradas estreitas, de sentido único e inclinações brutais, estava a ver que
vinha em marcha atrás direta ao mar. Encontrei terras e pessoas agrestes e
pobres como em aldeias de Trás-os-Montes, afinal a Madeira não é uma das
regiões com maior riqueza per capita?
Edifícios monstrengos, semi-abandonados, um deles com vários pisos de
estacionamento, vazios, em cave, com a luz do telemóvel vejo um par de jovens
não sei a fazer o quê, assustei-me e eles também, felizmente corremos em
sentidos opostos. Ruas sem passeios e com regos de água (as levadas urbanas…) a
escorrer em grande velocidade, é para andar de galochas ou onde andam os
carros? A única coisa que comi típica foi o peixe-espada preto (cozinhado nada
de extraordinário) e o milho frito (cópia da polenta) num pequeno restaurante em frente ao hotel, ambos sem
qualquer glamour madeirense. Gostei
da viagem, ri-me das minhas expectativas paradisíacas, obrigada trabalho,
escuso de lá ir em passeio!
Mónica