Péke
O Péke era um cão alegre, vivo, aqui nos 50 anos da minha irmã.
Éramos muitos, talvez 50, entre família chegada e menos chegada, entre portugueses e catalães.
A comida abundava, era Verão e o alecrim crepitava.
Foi surpresa, ela não sabia. O meu pai também foi, já em cadeirinha de rodas.
Mas isto a propósito do Péke, que também era parte da família. “Tripatudo”, aprendeu a viver com um coto. As armadilhas para javalis levaram-lhe o que faltava. Assim mesmo, era feliz. Quando queria marcar território, desequilibrava-se e tendia a cair mas aprendeu por tentativa e erro: o conhecimento empírico canino. Deixou de fazer chichi para um lado, começou a fazer só para o outro. Ou encostava-se a uma parede, não fosse a gravidade traí-lo. O Péke era um amor. Sempre a saltitar, titubeante.
Sopraram-se as velas, entre choros e risos.
Este dia não volta e o Péke também já não.
Margarida
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