Acontecimentos desagradáveis tenho alguns na memória, sendo sempre os mesmos que me aparecem a fazer-se lembrados. Envoltos numa certa neblina, mas mesmo assim incómodos, talvez porque não consigo recordar-me de todos os detalhes. Conto um que me aterrou anos a fio, era eu criança. Havia uma empregada em casa dos meus pais que contava histórias assustadoras. Uma delas foi sobre um ladrão que tinha trepado pela parede de um prédio e entrado pela janela de um dos andares. E se me acontecesse a mim… Ora nós morávamos num terceiro andar com pé direito alto de prédio antigo e, portanto, seria impossível alguém fazer escalada e entrar em nossa casa dessa maneira. Pois, mas todos sabemos, julgo eu, que os medos tomam conta da eventual racionalidade que uma criança possa ter. Então, todos os finais dos dias, assim que a noite se aproximava, depois de me certificar, através dos vidros da janela, que não estava lá a carantonha nem as mãos do dito homem agarradas ao parapeito, fechava as portadas de madeira interiores do meu quarto e espreitava para debaixo da cama. À hora de me deitar voltava a certificar-me de que nada tinha sido mexido. Uma tormenta que durou sei lá quanto tempo. Pois é, mas eu nunca falava dos medos que tinha aos meus pais nem a mais ninguém. Sofri as consequências.
M
9 comentários:
Assim se traumatiza uma criança. Os danos que algumas empregadas causavam.
São terríveis as histórias que se contavam às crianças
Luisa
O meu comentário não ficou. Disse que também me contaram quando era miuda uma história que metia uma cobra debaixo da cama, durante muitos anos espreitava debaixo da cama para me certificar que não havia cobras. Hoje não gosto de ter nada debaixo da xama
*Cama
Na imaginação e no escuro da noite todas as actividades são possíveis.
...e a partir dessa noite passaste a ter pesadelos...mas passou-te, não foi?
Tenho uma amiga que dorme c/ 1 facalhão de cozinha debaixo da cama, quando não está com o namorado. Ganda paranóia... Mas entendo...
Ui... que sustos tivemos, este tão bem descrito. Eu até do "anjo da guarda" tinha medo, olhava de repente para trás a ver se o apanhava. O meu pai insistia em que eu andasse no escuro...
São terríveis as paranoias que as crianças interiorizam. com repercussões para toda a vida.
Teresa
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