O último prego... E a solitária responsabilidade de ter que segurar toda uma estrutura. E a memória de ter pertencido a um belo barco, ter cruzado mares, ter sido grande... A saudade inteira na ferrugem do fim da vida. Bela estreia, meu amigo! :-)))
O que é esta foto? Perguntam. O que tem a ver com o tema; Solidão. Nada digo eu, ou tudo. Nada se olharmos como uma simples foto resumida a um acto fortuito do fotógrafo num breve momento. Tudo se olharmos com olhos de ver. Ver para além da madeira serrada para além do prego altivo. O que se vê então questionam bem. Os meus olhos vêem um pedaço de memória, de histórias de vida dentro da história. Demasiada solidão. Era esse o mote não era. Esta foto é o testemunho último de um formoso navio, da pesca do bacalhau na Terra Nova, da chamada Frota Branca. Se calhar um Patacho ou um Lugre, ferido de morte pela serra na sua espinha dorsal, a quilha onde o prego/cavilha, penetra a fixar a tábua da sobrequilha. A união em v, vemos o entalhe que se chama alefriz no qual encaixa a primeira tábua do fundo, a tábua de resbordo ou primeira de fundo. Por cima dormindo o sono último, a caverna abraça encaixada na sobrequilha vendo-se o bueiro do lado esquerdo, que não é mais que um corte na caverna para permitir a passagem da água entre cavernas e poder ser bombeada borda fora no local chamado esgotadouro. Da história de vida e de sacrifício de centenas de velhos marinheiros fica-nos só demasiado só, este monte de tábuas cortadas pela moto serra, a morte sem dignidade dos velhos barcos abandonados... A nossa memória enquanto povo marinheiro abandonada…
Eu tenho a certeza que a seguir à apc, comentei...e nada apareceu agora, hoje! Ora esta foto é uma das mais originais e tal como a primeira amiga diz, estas cores, este prego antigo, falavam-me de "memória" solitária porque abandonada. Parabéns e obg pela deliciosa explicação (temos marinheiro! nagegar é preciso!). Abç
Bem, Bettips... Se foi depois do meu, o teu comentário pode aparecer, que eu deixo (lol). Se fosse anterior ao meu é que não podia ser, porque eu ficava sem nada para dizer, como já é costume! Eheheheh. See ya! :-)))
Primeiro achei soberba a imagem; encontrei-lhe a solidão na cor do tempo que perpassa na madeira e no ferro... Depois li o relato acima do amigo João. Arrepiou-me a memória que trago entranhada em mim do óleo de fígado de bacalhau que sempre me esperava à chegada dos lugres ao meu mar de Viana... Abraços!
11 comentários:
O último prego... E a solitária responsabilidade de ter que segurar toda uma estrutura. E a memória de ter pertencido a um belo barco, ter cruzado mares, ter sido grande... A saudade inteira na ferrugem do fim da vida.
Bela estreia, meu amigo! :-)))
Não sei se é solidão que aqui encontro, mas esta fotografia fascina-me. Fala comigo, numa língua que ainda não decifrei. Comunica. E eu respondo...
Confesso humildemente que não entendi a mensagem desta fotografia.
Solidão entranhada, que fere...
O que é esta foto? Perguntam.
O que tem a ver com o tema; Solidão. Nada digo eu, ou tudo.
Nada se olharmos como uma simples foto resumida a um acto fortuito do fotógrafo num breve momento.
Tudo se olharmos com olhos de ver. Ver para além da madeira serrada para além do prego altivo. O que se vê então questionam bem.
Os meus olhos vêem um pedaço de memória, de histórias de vida dentro da história. Demasiada solidão. Era esse o mote não era.
Esta foto é o testemunho último de um formoso navio, da pesca do bacalhau na Terra Nova, da chamada Frota Branca. Se calhar um Patacho ou um Lugre, ferido de morte pela serra na sua espinha dorsal, a quilha onde o prego/cavilha, penetra a fixar a tábua da sobrequilha. A união em v, vemos o entalhe que se chama alefriz no qual encaixa a primeira tábua do fundo, a tábua de resbordo ou primeira de fundo. Por cima dormindo o sono último, a caverna abraça encaixada na sobrequilha vendo-se o bueiro do lado esquerdo, que não é mais que um corte na caverna para permitir a passagem da água entre cavernas e poder ser bombeada borda fora no local chamado esgotadouro. Da história de vida e de sacrifício de centenas de velhos marinheiros fica-nos só demasiado só, este monte de tábuas cortadas pela moto serra, a morte sem dignidade dos velhos barcos abandonados...
A nossa memória enquanto povo marinheiro abandonada…
A fotografia está espectacular
Teresa Silva
Já está. Linguagem decifrada. Mensagem entendida.
Importante lembrar que, desde o primeiro instante, ainda antes da tradução, já era sentida e amada.
Um beijo terno.
Eu tenho a certeza que a seguir à apc, comentei...e nada apareceu agora, hoje! Ora esta foto é uma das mais originais e tal como a primeira amiga diz, estas cores, este prego antigo, falavam-me de "memória" solitária porque abandonada. Parabéns e obg pela deliciosa explicação (temos marinheiro! nagegar é preciso!). Abç
Bem, Bettips... Se foi depois do meu, o teu comentário pode aparecer, que eu deixo (lol). Se fosse anterior ao meu é que não podia ser, porque eu ficava sem nada para dizer, como já é costume! Eheheheh. See ya! :-)))
vi bem a solidão nesta foto de algo abandonado que a ferrugem já está a corroer. Muito bela a imagem.
Primeiro achei soberba a imagem; encontrei-lhe a solidão na cor do tempo que perpassa na madeira e no ferro...
Depois li o relato acima do amigo João. Arrepiou-me a memória que trago entranhada em mim do óleo de fígado de bacalhau que sempre me esperava à chegada dos lugres ao meu mar de Viana...
Abraços!
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