A cor O brilho sobre a água Aquelas escadas O candeeiro As gaivotas A pedra do caminho O velho só pensativo envolto em recordações... talvez! ou talvez tentando encontrar que fazer com o resto dos seus solitários dias...
Seja o que for a fotografia é um poema fotografado.
Feliz aquele que administra sabiamente a tristeza e aprende a reparti-la pelos dias Podem passar os meses e os anos nunca lhe faltará Oh! Como é triste envelhecer à porta entretecer nas mãos um coração tardio Oh como é triste arriscar em humanos regressos o equilíbrio azul das extremas manhãs de verão ao longo do mar transbordante de nós No demorado adeus da nossa condição É triste no jardim a solidão do sol vê-lo desde o rumor e as casas da cidade até uma vaga promessa de rio e a pequenina vida que se concede às unhas Mais triste é termos de nascer e morrer e haver árvores ao fim da rua
É triste ir na vida como quem regressa e entrar humildemente por engano pela morte dentro É triste no Outono concluir que era o verão a única estação Passou o solitário vento e não o conhecemos e não soubemos ir até ao fundo da verdura como rios que sabem onde encontrar o mar e com que pontes com que ruas com que gentes com montes conviver através de palavras de uma água para sempre dita Mas o mais triste é recordar os gestos de amanhã
Triste é comprar castanhas depois da tourada entre o fumo e o domingo na tarde de Novembro e ter como futuro o asfalto e muita gente e atrás a vida sem nenhuma infância revendo tudo isto algum tempo depois A tarde morre pelos dias fora É muito triste andar por entre Deus ausente
Mas, ó poeta, administra a tristeza sabiamente.
...
(A Mão no Arado. Ruy Belo, in "Antologia da Poesia Portuguesa - 2º volume, Moraes ed.)
Mas que lindeza de palavras com esta foto!!! Um prazer que o nosso amigo nos deu, com maestria, significada. Mas penso que ficará feliz também pelo que "por ele/por causa dele" pensamos. Parabéns
Agradeço todas as vossas amáveis palavras; os elogios são sempre perfumes à alma, mesmo que varridos pela consciência dos exageros!... Obrigado a toda(o)s...
16 comentários:
Fantástica!
Parabéns.
Esta fotografia está desgraçadamente LINDAAA!!! :-)))
A cor, o momento, está tudo perfeito. Fantástica!
A côr está fantástica e a foto lindísima.
Palavras para quê? Já disseram tudo.
Uma solidão que se sente...
Linda!
A solidão da velhice. A contemplação da beleza como última panaceia para alguns dos males.
Ah! Estes momentos frente ao mar!
uma das minhas preferidas.
Esta fotografia nem sei...
Tudo me encanta nela.
A cor
O brilho sobre a água
Aquelas escadas
O candeeiro
As gaivotas
A pedra do caminho
O velho
só
pensativo
envolto em recordações... talvez!
ou talvez tentando encontrar que fazer com o resto dos seus solitários dias...
Seja o que for a fotografia é um poema fotografado.
Um encanto...
Isabel
Feliz aquele que administra sabiamente
a tristeza e aprende a reparti-la pelos dias
Podem passar os meses e os anos nunca lhe faltará
Oh! Como é triste envelhecer à porta
entretecer nas mãos um coração tardio
Oh como é triste arriscar em humanos regressos
o equilíbrio azul das extremas manhãs de verão
ao longo do mar transbordante de nós
No demorado adeus da nossa condição
É triste no jardim a solidão do sol
vê-lo desde o rumor e as casas da cidade
até uma vaga promessa de rio
e a pequenina vida que se concede às unhas
Mais triste é termos de nascer e morrer
e haver árvores ao fim da rua
É triste ir na vida como quem
regressa e entrar humildemente por engano pela morte dentro
É triste no Outono concluir
que era o verão a única estação
Passou o solitário vento e não o conhecemos
e não soubemos ir até ao fundo da verdura
como rios que sabem onde encontrar o mar
e com que pontes com que ruas com que gentes com montes conviver
através de palavras de uma água para sempre dita
Mas o mais triste é recordar os gestos de amanhã
Triste é comprar castanhas depois da tourada
entre o fumo e o domingo na tarde de Novembro
e ter como futuro o asfalto e muita gente
e atrás a vida sem nenhuma infância
revendo tudo isto algum tempo depois
A tarde morre pelos dias fora
É muito triste andar por entre Deus ausente
Mas, ó poeta, administra a tristeza sabiamente.
...
(A Mão no Arado. Ruy Belo, in "Antologia da Poesia Portuguesa - 2º volume, Moraes ed.)
Mas que lindeza de palavras com esta foto!!! Um prazer que o nosso amigo nos deu, com maestria, significada. Mas penso que ficará feliz também pelo que "por ele/por causa dele" pensamos. Parabéns
A imagem que mais me tocou, sem dúvida, em relação ao tema; além de que a fotografia em si é magnífica!
Talvez a foto que melhor retrata o tema da solidão, e com uma beleza arrepiante.
Parabéns é sem duvida uma foto solitária
Agradeço todas as vossas amáveis palavras; os elogios são sempre perfumes à alma, mesmo que varridos pela consciência dos exageros!...
Obrigado a toda(o)s...
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