Como
há um requiem permanente na respiração primeira dos vivos, também
há uma coreografia final na navegação dos barcos.
Os peixes recordam-nos vagamente, embora na sua visão profunda todos os barcos se lhes assemelhem: igualmente redondos, igualmente armadilhados, deslizando o seu tempo contado.
Os barcos ficam depois ali, agarrados ao cais, agitando o seu curto destino com suavidade: não sabem tecer outro gesto os barcos, senão de embalar.
E assim se tornam o berço das águas e depois se afogam, na memória última dum rasto, entre os andamentos que lhes dança o mar, onda após onda - até à última madrugada, serena e vidrada.
Os peixes recordam-nos vagamente, embora na sua visão profunda todos os barcos se lhes assemelhem: igualmente redondos, igualmente armadilhados, deslizando o seu tempo contado.
Os barcos ficam depois ali, agarrados ao cais, agitando o seu curto destino com suavidade: não sabem tecer outro gesto os barcos, senão de embalar.
E assim se tornam o berço das águas e depois se afogam, na memória última dum rasto, entre os andamentos que lhes dança o mar, onda após onda - até à última madrugada, serena e vidrada.
~pi
7 comentários:
Boa imagem/palavra do afogamento do barco, carregando a sua história
e a sua idade.
Rocha de Sosa
abraçam-os as andas, uma a uma, antes do mergulho final.
Temos muito que aprender com os barcos...
Belo o teu requiem,~pi!
O barco-berço...muito belo!
Será berço de peixes depois de túmulo de ilusões
~~~ e as ondas
submersas.
Lindo, ~Pi! Quase dança, quase vida, quase morte, esta tua coreografia de palavra.
Boas Festas, -Pi.
Uma dança a que não escapa ninguém, nem nada.
Belo texto.
Diva(nave)gando...
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