quinta-feira, dezembro 13, 2012

3. Jawaa



Que dizer dos espelhos que fitamos e nos mostram quem não conhecemos para além do hábito de simplesmente aceitar. 
Que dizer dos espelhos que contemplam, estáticos, mudos, a aparência dos seres, o equívoco dos corpos, sem lhes escutar os murmúrios de espanto, o inconformismo, as alegrias, as dores. Não dramatizam, não perguntam, não mentem. 
Só não penetram a alma, não lêem o poema lá dentro - pronto a ser escrito. 

Jawaa

7 comentários:

~pi disse...

nem o poema nem os ângulos mais belos da alma

nem todas as coisas - que por vezes são mesmo "todas as coisas", essas que são invisíveis e fogem ao espelho e desandam do olhar... :-)







~

bettips disse...

Muito bela esta imagem dissonante.
E diria que as tuas palavras completam o poema que a Licínia escreveu - e que desconhecias ir ser escrito - como um espelho

Luisa disse...

Façamos uma jura: não nos olhemos mais ao espelho vito que eles são apenas vidro e não sabem nada da nossa vida.

M. disse...

Belíssima esta imagem que a mim me faz pensar em seda. A seda da existência humana.

Zambujal disse...

... "o hábito de simplesmente aceitar..." saltou-me a frase ao caminho quando comecei o comentário.
Todo o texto será relido... mas essa frase deu-me uma punhada no peito! Fica dito.

Licínia Quitério disse...

No outro lado do espelho está o outro lado de nós. É preciso achar o ângulo de incidência. Nada fácil, não.

Justine disse...

E a poesia salva-nos, muitas vezes, das imagens que os espelhos nos devolvem...se não soubermos ver do outro lado!