Sei que esta fotografia não corresponde a um registo analógico ou digital realizado algures, num longínquo planeta talvez semelhante à Terra, poentes lilases e nuvens espessas, eventualmente habitado por uma gente não muito indistinta da gente que somos, seres dotados de inteligência, capacidade de transformar o território e os eco sistemas do seu espaço natural, adaptando tais mudanças aos intuitos principais da vida, dessa outra vida não inteiramente estranha, firmando a arrumação racional dos meios com os quais poderá transitar, pela terra e pelo ar, de horizonte para horizonte, demarcando geometricamente lugares de utilidade, lugares por vezes povoados de máquinas indizíveis, outras vezes, noutras horas, como que abandonados, desertos, escurecidos até ao limite das distâncias, ostentando ainda, para depois, as marcas lineares do uso lógico de certos espaços, como aqueles que se distendem, aqui, na periferia dos aeroportos.
Sei que esta fotografia não foi operada nesse outro mundo.
Isso sei.
Mas parece. Isso também sei: que parece vinda de muito longe, pelo olhar e pela mão de outra gente.
Claro que não vou adivinhar nada, nem de lá nem de cá.
Isso sei.
Mas parece. Isso também sei: que parece vinda de muito longe, pelo olhar e pela mão de outra gente.
Claro que não vou adivinhar nada, nem de lá nem de cá.
Rocha de Sousa
4 comentários:
Adivinhamos e sonhamos e projectamos o mundo que quereríamos; mesmo assombrando a realidade. Afinal tão diversa.
Tudo depende de quem olha, vê e sonha.
Quantas vezes a ficção científica imaginada por escritores não se tornou a realidade dos nossos dias! Quem sabe...
Divagar, subir, sonhar, desenhar cenários outros de outros lugares que talvez não, talvez nunca.
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