Roses, dia sete de novembro de dois mil e doze.
Diário:
"Come a última bolacha do pacote, pressente uma febre oval a subir no hemisfério direito, logo acima do olho - reconhece a cor violeta da noite, por duas vezes essa noite é noite.
Abotoa-se ao mar para olhar de frente o metálico vendaval emboscado na colina do parque, aquele que no inverno se prende à rosa pela cintura, arrancando-lhe o carnaval do nome."
~pi
5 comentários:
Excepcional texto baseado na foto-
grafia e noutros indicadores proto-
plasmicos. Abtoa-se ao mar, espera-se um vendaval metálico, a embosca-
da na colina. Não sei porquê, lem-
bei-me muito da vena do fotógrafo
e do falso casal quase ao anoitecer
num parque de Londres, do filme
Blow-Up, de Antonioni.
Rocha de Sousa
Vejo uma rapariga de sapatilhas, a andar, a andar por um plano infinito. Capaz de reter no olhar a estranheza do que vê. Por isso lhe dói, ligeiramente, a cor violenta/violeta, aninhada no lado do cérebro - que é pensamento simbólico e criatividade.
"Quand les roses fleurissaient
sortaient les filles..."
Como é estranha a visão diferente de cada um de nós sobre este pedacinho de écran que a Pi nos ofereceu.Dá para todos os sonhos.
Um diário íntimo, uma espreitadela indiscreta, uma fulguração de luz - e depois afasto-me...
Se eu não soubesse que exististe em Roses, pouco entenderia. Assim, dou-me a decifrar. Com prazer, diga-se.
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