Foto de M
«Experience is the name everyone gives to their mistakes.»
Oscar Wilde
Dia 7 - Ao jeito de cartilha: Proponho-vos que usemos a sílaba “A” para formar as nossas palavras. Poderá ser colocada no início, no meio ou no fim da palavra que escolhermos. E não se esqueçam da fotografia.
Dia
14 - Reticências
com
a frase “O
vazio”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
Dia
21 - Com
as palavras dentro do olhar sobre
fotografia
de Rocha/Desenhamento
Dia
28 - Fotografando
as palavras de outros sobre
o excerto abaixo reproduzido, que considero muitíssimo interessante.
Embora corra o risco de que este texto possa ser sentido por alguns como pesado
ou perturbador, ele é, na minha opinião, uma reflexão
sábia, e por isso mesmo também reconfortante, perante uma realidade
que acompanha a existência humana.
«Conseguem imaginar a velhice? É claro que não. Eu não conseguia. Não era capaz. Não fazia a mínima ideia de como era. Não tinha sequer uma falsa ideia – não tinha imagem nenhuma. E ninguém quer outra coisa qualquer. Ninguém quer enfrentar nada disto antes de não ter outro remédio. Como vai ser? (...)
(…) Compreensivelmente, é inimaginável qualquer fase da vida mais adiantada do que a nossa. Às vezes já vamos a meio da fase seguinte antes de nos darmos conta de que entrámos nela. (…)
Há
que fazer uma distinção entre morrer e a morte. Nem tudo é morrer
ininterruptamente. Se somos saudáveis e nos sentimos bem, vamos
morrendo invisivelmente. O fim, que é uma certeza, não tem de ser
arrojadamente anunciado. Não, não podemos compreender. A única
coisa que compreendemos acerca dos velhos quando não somos velhos é
que foram marcados pelo seu tempo. Mas compreender apenas isso
imobiliza-os no seu tempo, o que equivale a não compreender nada.
Para aqueles que ainda não são velhos ser velho significa que já
fomos.
Mas ser velho também significa que, apesar de, e além de e para lá
do nosso estado de ser, ainda somos.
O nosso estado de ser está muito vivo. Ainda somos e sentimo-nos tão
atormentados pelo ainda-ser e pela sua plenitude como pelo
já-ter-sido e pela sua qualidade de passado. Pensem na velhice do
seguinte modo: o facto de a nossa vida estar em risco é apenas um
facto quotidiano. Não podemos esquivar-nos ao conhecimento daquilo
que em breve nos espera. O silêncio que nos envolverá para sempre.
Tirando isso, é tudo a mesma coisa. Tirando isso, somos imortais
enquanto vivermos.»
O
Animal Moribundo,
Philip Roth, Publicações Dom Quixote, Novembro 2008
3 comentários:
Somos imortais enquanto vivermos. ADOREI!!!!!
Até o acho apaziguador, no sentido em que nos induz a uma reflexão sobre a transitoriedade e à aceitação da única certeza da vida que é justamente a morte. A velhice é o estado mais próximo dessa certeza. De resto, nada mais.
Grande escolha, M.!Gostei muito de "O animal moribundo" e sou fã incondicional do Philip Roth!
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