A viagem de avião mais longe que fiz foi à India, com muita turbulência sobre o Golfe Pérsico, aterradora, vi o filme “Robin Hood: heróis em collants” de Mel Brooks para me rir e distrair do medo, e a viagem mais curta foi a que não fiz, um avião que perdi porque cheguei na hora em que o embarque das malas fechou, dizem que foi um ato falhado, que não queria voltar para Angola. Foi um dia horrível, fiz tudo o que estava ao meu alcance para apanhar o avião durante as horas que o avião ainda esteve parado até ao embarque, ali, do outro lado do vidro, odiei todo o pessoal do aeroporto, a seguir foi a correria com as malas à agência de viagens da companhia aérea fora do aeroporto na tentativa de arranjar lugar noutro horário no mesmo dia, nada, tive que sujeitar-me a comprar um novo bilhete para a data mais próxima possível porque tinha pessoas à minha espera para me levarem dali ao destino final, entre chamadas telefónicas com o meu chefe que me dizia “desenrasca-te se não chegares a tempo escusas de vir”, o preço exorbitante que paguei do meu bolso por novo bilhete, voltar para casa, tentar viver mais uns dias sem desmanchar as malas e fingir que bom que era estar mais uns dias em Lisboa. Enfim, foi horrível perder o avião. Inesquecível não-viagem de avião.
Mónica
6 comentários:
Outro relato teu em que nos pões a "correr" a teu lado, vivendo de perto essa tua "não-viagem". Delicioso!
Adorei a "não-viagem"
À Índia? Poças, que longe...
A que não fizeste certamente teve outras implicações e sugestões de "outra vida", outros acontecimentos que não o foram. Primorosamente descrito, eu cá andei contigo de balcão em balcão e voltei de orelha murcha para casa.
Mas que aventura inesquecível, Mónica! E que bem contada!
Muito bem feito este relato da aventura no aeroporto.
Teresa
ficamos sempre fascinados com o relato das tuas aventuras
Luisa
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