terça-feira, maio 01, 2007

Continuação de "Uma história verdadeira em imagens, contada com muita ternura pela Mena" (ver post de 29 de Abril)

Manuela,
aqui vai um "update":
hoje, no 1º de Maio, ouvi o canto do melro , apresentado-se para cumprir o seu dever de pai, enquanto a Amy foi esticar as asas e provavelmente almoçar.
Desta vez, não se limitou a observar, pôs-se de sentinela à beira do ninho, pois agora todo o cuidado é pouco!
Depois despediram-se...
Um bom dia para ti,
beijinhos,
Mena

7 comentários:

bettips disse...

Estou a sonhar que alguém viu isto e nos transmite!!! Pois que é sonhador e liberta a mente de todas as maldades. A vida de um casal de melros, algures em Berlim, vistos por a Mena que nem conhecemos. Há lá coisa mais linda? Beijinhos

Maria Manuel disse...

Uma ternura, a história e o seu relato! :-)

Teresa Durães disse...

li de cima para baixo. Adorável! Os meus periquitos treinaram três anos e finalmente tiveram ovinhos. Já nasceram, ainda ninguém os viu (estão numa casota) e o meu filho anda preocupado com as histórias entre pássaros onde o pai mata os filhos e coisas e tais. Tenho de arranjar um esoanta-pais-de-periquitos para que nada lhes aconteça!

None disse...

Ter um ninho de melros no parapeito da janela e poder fotografar, é um privilégio. Parabéns!
Os melros do meu jardim, não mostram onde fazem os ninhos, talvez porque há muita vegetação aqui à volta,
mas os rabirruivos e as carriças, escolhem os lugares mais inconvenientes para os construirem: dentro de uma caixa de sementes, num cantinho de uma escada de mão que está pendurada no seu lugar...
E há um passarito de que não sei o nome, que ocupa um ninho colocado para esse propósito, por nós, num beiral.
Há uns dias atrás, tive um experiência não muito feliz: fechando as portadas de uma janela, era noite e não vi dois minúsculos pássaros (seriam carriças?), pousados cada um no seu cantinho, no parapeito. Um voou para longe, outro entrou em casa e dormiu entre livros. De manhã abri-lhe a janela e lá foi ele.
Não apareceram mais. Soubesse eu e aquela portada não se fecharia enquanto eles ocupassem o parapeito.

Zeca Paleca disse...

Uma estória envolvente e fascinante.
O que está à vista escusa candeia.
Vem ajudar a preservar o nosso

BOSQUE VERMELHO

no

http://lusoprosecontras.blogspot.com

sonhadora disse...

A meu favor tenho a tua amizade que teima em deixar-me sonhar.
Beijinhos embrulhados em abraços

Isabel disse...

E apesar de tudo ainda há melros que fazem ninhos que nos dão a honra de fazer os ninhos nos parapeitos das nossas janelas...!

E apesar de tudo ainda há quem se sinta honrado por um casal de melros ter feito o ninho na sua janela...!

E essa tamanha honra faz com que os fotografe e os acompanhe com o olhar, os sentidos despertos.

E essa honra e a vontade de a partilhar faz com que estas fotografias e a história da vida de um casal de melros aqui esteja neste espaço.

Honrados nós nos sentimos também por a Mena e a M nos terem dado a possibilidade de banhar os nossos olhos numa bela história simples, contrastando com a maioria das nossas complicadas vidas.

Um regalo!
Um alivio!
Um encanto!
Mágico!

Lembrei-me de um poema que tinha lido e gostado muito sobre as maneiras de contemplar um melro, fui procura-lo e encontrei-o, é de Walace Stevens traduzido por Jorge Sena.

Aqui fica como uma contribuição "minha" por esta honra de partilhar tanta beleza em estado puro.


TREZE MANEIRAS DE CONTEMPLAR UM MELRO


I

Entre as vinte montanhas nevadas

A única coisa movendo-se

Era o olho de um melro.


II

Eu tinha três almas

Como a árvore

Em que há três melros.


III

Os melros rodopiaram nos ventos outonais.

O que era uma pequena parte da pantomima.


IV

Um homem e uma mulher

São um.

Um homem e uma mulher e um melro,

São um.


V

Não sei que preferir -

A beleza das inflexões

Ou a beleza das insinuações,

O melro que gorjeia,

Ou o depois.


VI

Pingos de gelo enchiam a vasta janela

De vidro bárbaro.

A sombra do melro

Cruzava-a, de cá para lá, de lá para cá.

A situação

Traçava na sombra

Um curso indecifrável.


VII

Ó homens magros de Haddam,

Porque imaginais pássaros de ouro?

Não vedes como o melro

Passeia à volta dos pés

Das mulheres à vossa volta?



VIII

Sei de nobres tons

E de lúcidos e inescapáveis ritmos;

Mas também sei

Que o melro está envolvido

No que eu sei.


IX

Quando o melro desapareceu da vista,

Marcou o limite

De um de vários círculos.


X

À vista dos melros

Voando na luz verde

Até os alcoviteiros da eufonia

Gritariam desafinados.


XI

O homem atravessou o Connecticut

Num coche de vidro.

Uma vez, um terror o trespassou,

E foi quando tomou

A sombra dos cavalos

Por melros.


XII

O rio move-se.

O melro deve estar a voar.


XIII

Foi entardecer toda a tarde.

Nevava

E estava a ponto de nevar.

O melro pousado

Nos ramos do cedro.


(Wallace Stevens)