Manuela,
aqui vai um "update":
hoje, no 1º de Maio, ouvi o canto do melro , apresentado-se para cumprir o seu dever de pai, enquanto a Amy foi esticar as asas e provavelmente almoçar.
Desta vez, não se limitou a observar, pôs-se de sentinela à beira do ninho, pois agora todo o cuidado é pouco!
Depois despediram-se...
Um bom dia para ti,
beijinhos,
Mena
7 comentários:
Estou a sonhar que alguém viu isto e nos transmite!!! Pois que é sonhador e liberta a mente de todas as maldades. A vida de um casal de melros, algures em Berlim, vistos por a Mena que nem conhecemos. Há lá coisa mais linda? Beijinhos
Uma ternura, a história e o seu relato! :-)
li de cima para baixo. Adorável! Os meus periquitos treinaram três anos e finalmente tiveram ovinhos. Já nasceram, ainda ninguém os viu (estão numa casota) e o meu filho anda preocupado com as histórias entre pássaros onde o pai mata os filhos e coisas e tais. Tenho de arranjar um esoanta-pais-de-periquitos para que nada lhes aconteça!
Ter um ninho de melros no parapeito da janela e poder fotografar, é um privilégio. Parabéns!
Os melros do meu jardim, não mostram onde fazem os ninhos, talvez porque há muita vegetação aqui à volta,
mas os rabirruivos e as carriças, escolhem os lugares mais inconvenientes para os construirem: dentro de uma caixa de sementes, num cantinho de uma escada de mão que está pendurada no seu lugar...
E há um passarito de que não sei o nome, que ocupa um ninho colocado para esse propósito, por nós, num beiral.
Há uns dias atrás, tive um experiência não muito feliz: fechando as portadas de uma janela, era noite e não vi dois minúsculos pássaros (seriam carriças?), pousados cada um no seu cantinho, no parapeito. Um voou para longe, outro entrou em casa e dormiu entre livros. De manhã abri-lhe a janela e lá foi ele.
Não apareceram mais. Soubesse eu e aquela portada não se fecharia enquanto eles ocupassem o parapeito.
Uma estória envolvente e fascinante.
O que está à vista escusa candeia.
Vem ajudar a preservar o nosso
BOSQUE VERMELHO
no
http://lusoprosecontras.blogspot.com
A meu favor tenho a tua amizade que teima em deixar-me sonhar.
Beijinhos embrulhados em abraços
E apesar de tudo ainda há melros que fazem ninhos que nos dão a honra de fazer os ninhos nos parapeitos das nossas janelas...!
E apesar de tudo ainda há quem se sinta honrado por um casal de melros ter feito o ninho na sua janela...!
E essa tamanha honra faz com que os fotografe e os acompanhe com o olhar, os sentidos despertos.
E essa honra e a vontade de a partilhar faz com que estas fotografias e a história da vida de um casal de melros aqui esteja neste espaço.
Honrados nós nos sentimos também por a Mena e a M nos terem dado a possibilidade de banhar os nossos olhos numa bela história simples, contrastando com a maioria das nossas complicadas vidas.
Um regalo!
Um alivio!
Um encanto!
Mágico!
Lembrei-me de um poema que tinha lido e gostado muito sobre as maneiras de contemplar um melro, fui procura-lo e encontrei-o, é de Walace Stevens traduzido por Jorge Sena.
Aqui fica como uma contribuição "minha" por esta honra de partilhar tanta beleza em estado puro.
TREZE MANEIRAS DE CONTEMPLAR UM MELRO
I
Entre as vinte montanhas nevadas
A única coisa movendo-se
Era o olho de um melro.
II
Eu tinha três almas
Como a árvore
Em que há três melros.
III
Os melros rodopiaram nos ventos outonais.
O que era uma pequena parte da pantomima.
IV
Um homem e uma mulher
São um.
Um homem e uma mulher e um melro,
São um.
V
Não sei que preferir -
A beleza das inflexões
Ou a beleza das insinuações,
O melro que gorjeia,
Ou o depois.
VI
Pingos de gelo enchiam a vasta janela
De vidro bárbaro.
A sombra do melro
Cruzava-a, de cá para lá, de lá para cá.
A situação
Traçava na sombra
Um curso indecifrável.
VII
Ó homens magros de Haddam,
Porque imaginais pássaros de ouro?
Não vedes como o melro
Passeia à volta dos pés
Das mulheres à vossa volta?
VIII
Sei de nobres tons
E de lúcidos e inescapáveis ritmos;
Mas também sei
Que o melro está envolvido
No que eu sei.
IX
Quando o melro desapareceu da vista,
Marcou o limite
De um de vários círculos.
X
À vista dos melros
Voando na luz verde
Até os alcoviteiros da eufonia
Gritariam desafinados.
XI
O homem atravessou o Connecticut
Num coche de vidro.
Uma vez, um terror o trespassou,
E foi quando tomou
A sombra dos cavalos
Por melros.
XII
O rio move-se.
O melro deve estar a voar.
XIII
Foi entardecer toda a tarde.
Nevava
E estava a ponto de nevar.
O melro pousado
Nos ramos do cedro.
(Wallace Stevens)
Enviar um comentário