quinta-feira, setembro 20, 2007

"Ficção" por João Marinheiro

10 comentários:

bettips disse...

Ora viva quem é uma sumidade em marés, mares e seus apetrechos! Aqui, a bota velha serve um propósito de ficção muito bem conseguido. Original!

APC disse...

Quem terá sido o Cinderelo, que deixou por ali o "sapatinho" (salvo seja)?
:-)))

PS - Tenho uma foto de uma bota velha e abandonada (muito provavelmente terá sido de um pescador), toda coberta de limos, junto à ria da Isla Cristina sob o sol do fim da tarde. Vou enviar-ta.

PPS - B***

joão marinheiro disse...

Bos dias, esqueci a história do carballino calçado...Não sei se na foto se ve bem, mas é uma bota com 3 carvalhos que crescem ali frente ao rio Minho... Com tempo conto...

rui disse...

Há ficção aqui

Luisa disse...

Uma bem conseguida fotografia!

mena maya disse...

Uma ternura!
Três árvores bébés, alimentando-se da memória das terras palmilhadas...
Ficção pura!

Eremit@ disse...

toda a vida e magia e a que brota dentro de uma velha bota, mais magica ainda.
Fraterno abraco

joão marinheiro disse...

Esta um pouco da Historia do carvalho calçado...

Manual de intruccións
Anxo Moure


Para unha inmediata e boscosa revolución.
Precisamos da resistencia, necesitamos revolución, a revolución dos carballos con botas.
¿Queres participar? . ¡Pásao¡

Manual de instruccións:

1.- Sair de caceria cara un contendor de lixo, unha veiguiña fluvial ou unha praia esplendorosa para cazar unha (ou varias) botas vellas, furadiñas e aburacadas.
2.- Partir en bici ou camiñando cara unha carballeira rural ou mesmo urbana.
3.- Dar unha apreta a unha carballa vella e cantarlle unha canción anterga.
4.- Recoller en cesta de salgueiro unhas poucas landras (que nos chamamos belotas)
5.- Facer alto nunha horta recollendo un saquiño de terra.
6.- Inzar a bota de terra sementando dentro dela unha (ou duas) belotas.
8.- Humedecela con fecuenza o longo do futuro outono-inverno
9.- Bendecila co sol da primavera.
10.- Agardar o nacemento do carballo anano no seu berce calzado.
11.- Levalo a unha escola para que os nenos vexan nacer e medrar unha árbore (autentica revolución ludico-pedagóxica)
12.- Ceibala no inverno seguinte nun bosque ardido.
13.- Agardar cuarenta (ou cincuenta) anos.
15.- Festexar a revolución con máis apretas e cantigas modernas nunha fraga (por fin sen Fraga). (por cuestión de belotas, non de pelotas).

Asdo. un carballo calzado.


Anxo Moure, é um arquitecto que vive em Chantada, coração da Ribeira Sacra Lucense, deixou o ensino universitário para abraçar a ecologia e o trabalho com crianças. Ocupa o seu tempo hoje, a percorrer escolas e colégios como conta-contos. Esta pequena bota com carvalhos dentro, é parte do seu material didáctico que utiliza no dia a dia. Deixo a pergunta: Quantas das nossas crianças viram já um carvalho bebé medrando, ali, à distância de uma mão.
Tenho o privilégio de conhecer este homem fantástico, de ter andado com ele a ver as arvores, os soutos de castanheiros percorrendo a via romana para Lugo ali em Chantada. De ver, junto ao embalse (barragem) de Belesar, as vinhas, as cerejeiras. De plantar as bolotas (landras) em tudo que seja sapato velho.
Sempre que regresso para junto do mar venho mais rico por dentro...
Esta foto foi tirada debaixo da ponte que liga Salvaterra do Mino, a Monção, aquando da 1ª Festa do Rio Minho em que Anxo participou com atelier de conta-contos, lembrei-me de a partilhar aqui nesta ficção, assim como o manual de instruções...

Abraços e desculpem o texto tão longo

Amla disse...

inesperadas vidas nascendo num improvável ...terreno...
Bjs
Luz e paz

APC disse...

... Só tu!!! :-)))