As armas e os barões assinalados, Que da ocidental praia Lusitana, Por mares nunca de antes navegados, Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados, Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram.
Não posso deixar de, a propósito do teu comentário, aqui contar a história deste barco, que já foi bacalhoeiro e agora é um navio-escola da marinha portuguesa. Ainda antes da informação oficial (transposta do google), remeto-te, caso estejas interessada, para um post sobre este magnífico veleiro que me apaixona, por mim colocado no thornlessrose em 31 de Outubro de 2006, com o título "Memórias de um Bacalhoeiro": http://wwwthornlessrose.blogspot.com/2006/10/memrias-de-um-bacalhoeiro.html
Passemos à descrição oficial do dito: "U.A.M. Creoula 0 «Creoula» é um lugre de quatro mastros. Construído no início de 1937 nos estaleiros da CUF para a Parceria Geral de Pescarias, o navio foi lançado à água no dia 10 de Maio a efectuou ainda nesse ano a sua primeira campanha de pesca. Um número a reter é o facto de o navio ter sido construído no tempo recorde de 62 dias úteis.
As obras-vivas a vante, com particular destaque para a roda de proa, tiveram construção reforçada uma vez que o navio iria navegar nos mares gelados da Terra Nova e Gronelândia.
Até à sua última campanha em 1973, o navio possuía mastaréus, retrancas e caranguejas em madeira. O gurupés, conhecido como « pau da bujarrona», que também era em madeira, deixou de existir em 1959, passando o navio a dispor apenas de duas velas de proa: giba e polaca.
As velas que agora são em dacron, material sintético mais leve e mais resistente, eram na altura feitas de lona de algodão, possuindo o navio duas andainas de pano, que eram manufacturadas pelos próprios marinheiros de bordo. O pano latino era feito com lona de algodão n° 2, o velacho (redondo) com lona de algodão n° 4 e as extênsulas com algodão n° 7, o mais resistente. As tralhas das velas eram em cabo de manila. Quanto ao aparelho fixo, esse sempre foi em aço, mas o de laborar era outrora em sizal.
O espaço que medeia hoje entre a zona da coberta de vante (coberta das praças) e a casa da máquina, era na época o porão do peixe e em cujos duplos fundos se fazia a aguada do navio. O navio estava assim dividido em três grandes secções por duas anteparas estanques que delimitavam, a vante e a ré, o porão do peixe. A vante do porão ficavam os alojamentos dos pescadores, o paiol de mantimentos e as câmaras frigoríficas para o isco; a ré, os alojamentos dos oficiais, a casa da máquina, os tanques do combustível, o paiol do pano e aprestos de pesca. Tinha ainda nos delgados de vante e de ré vários piques utilizados como reserva de aguada, armazenamento de óleo de fígado, carvão de pedra para o fogão e óleos lubrificantes.
Todo o interior do navio era revestido a madeira de boa qualidade e o porão calafetado para evitar o contacto da moura com o ferro.
O mastro de vante (traquete) servia de chaminé à caldeirinha e ao fogão a carvão, fogão este que se encontra hoje no Museu Marítimo de Ílhavo.
Características Tipo Lugre de 4 mastros Deslocamento 70t Comprimento de fora a fora 67,4m Comprimento entre perpendiculares 52,8m Boca 9,9m Pontal 5,9m Altura dos mastros 36m Deslocamento leve 894t Deslocamento máximo 1300t Calado 4,7m Aguada 146t Combustível (gasóleo) 60t Propulsão Motor Principal MTU 8 cilindros Potência 500 CV Guarnição Oficiais 6 Sargentos 6 Praças 26 Capacidade de embarque 51 Instruendos 1 Director de treino
Que máximo!!! Conheço o N.E. Sagres. Também o seu irmão de língua, o N.E. Brasil (nesse tenho até uma história linnndaaaa! Lol). Agora, deste aqui só ouvira falar (e terei certamente visto em foto, mas quem não sabe é como quem não vê) nos tempos em que passei (porque passei) pela nossa Marinha (Alfeite). Como civil, refira-se. Li atentamente a tua agradabilíssima explicação, e lá vou eu teletransportar-me para o teu Lugar da Rosa Branca! :-)
... Puf!***
('Raio de onomatopeia para um teletransporte, mas enfim! :-S)
14 comentários:
As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram.
:-)
Mas essa embarcação é recente, não é?
Uma bela fotografia, elegantíssimo o veleiro!
...novamente a luta contra as marés...
A sabedoria e a persistência dos navegadores!
Ai vai ele enfrentando os mares.
Lindo!
Isabel
Esta perseverança faz muito enjoos... eu creio que acabava por desistir!
Minha querida APC,
Não posso deixar de, a propósito do teu comentário, aqui contar a história deste barco, que já foi bacalhoeiro e agora é um navio-escola da marinha portuguesa. Ainda antes da informação oficial (transposta do google), remeto-te, caso estejas interessada, para um post sobre este magnífico veleiro que me apaixona, por mim colocado no thornlessrose em 31 de Outubro de 2006, com o título "Memórias de um Bacalhoeiro": http://wwwthornlessrose.blogspot.com/2006/10/memrias-de-um-bacalhoeiro.html
Passemos à descrição oficial do dito:
"U.A.M. Creoula
0 «Creoula» é um lugre de quatro mastros. Construído no início de 1937 nos estaleiros da CUF para a Parceria Geral de Pescarias, o navio foi lançado à água no dia 10 de Maio a efectuou ainda nesse ano a sua primeira campanha de pesca. Um número a reter é o facto de o navio ter sido construído no tempo recorde de 62 dias úteis.
As obras-vivas a vante, com particular destaque para a roda de proa, tiveram construção reforçada uma vez que o navio iria navegar nos mares gelados da Terra Nova e Gronelândia.
Até à sua última campanha em 1973, o navio possuía mastaréus, retrancas e caranguejas em madeira. O gurupés, conhecido como « pau da bujarrona», que também era em madeira, deixou de existir em 1959, passando o navio a dispor apenas de duas velas de proa: giba e polaca.
As velas que agora são em dacron, material sintético mais leve e mais resistente, eram na altura feitas de lona de algodão, possuindo o navio duas andainas de pano, que eram manufacturadas pelos próprios marinheiros de bordo. O pano latino era feito com lona de algodão n° 2, o velacho (redondo) com lona de algodão n° 4 e as extênsulas com algodão n° 7, o mais resistente. As tralhas das velas eram em cabo de manila. Quanto ao aparelho fixo, esse sempre foi em aço, mas o de laborar era outrora em sizal.
O espaço que medeia hoje entre a zona da coberta de vante (coberta das praças) e a casa da máquina, era na época o porão do peixe e em cujos duplos fundos se fazia a aguada do navio. O navio estava assim dividido em três grandes secções por duas anteparas estanques que delimitavam, a vante e a ré, o porão do peixe. A vante do porão ficavam os alojamentos dos pescadores, o paiol de mantimentos e as câmaras frigoríficas para o isco; a ré, os alojamentos dos oficiais, a casa da máquina, os tanques do combustível, o paiol do pano e aprestos de pesca. Tinha ainda nos delgados de vante e de ré vários piques utilizados como reserva de aguada, armazenamento de óleo de fígado, carvão de pedra para o fogão e óleos lubrificantes.
Todo o interior do navio era revestido a madeira de boa qualidade e o porão calafetado para evitar o contacto da moura com o ferro.
O mastro de vante (traquete) servia de chaminé à caldeirinha e ao fogão a carvão, fogão este que se encontra hoje no Museu Marítimo de Ílhavo.
Características
Tipo Lugre de 4 mastros
Deslocamento 70t
Comprimento de fora a fora 67,4m
Comprimento entre perpendiculares 52,8m
Boca 9,9m
Pontal 5,9m
Altura dos mastros 36m
Deslocamento leve 894t
Deslocamento máximo 1300t
Calado 4,7m
Aguada 146t
Combustível (gasóleo) 60t
Propulsão
Motor Principal MTU 8 cilindros
Potência 500 CV
Guarnição
Oficiais 6
Sargentos 6
Praças 26
Capacidade de embarque 51 Instruendos
1 Director de treino
Visitar site:
http://www.marinha.pt/creoula/
Bjos.
Muito bonita!
Olá Maria
Bonito, elegante, 4 mastros e português!
Lindo!
Abraço, Maria
Maria, hoje fiquei a saber mais sobre este elegante navio que teve a perseverança de sobreviver para além do tempo. Obrigada pelas explicações.
ESTE é o Creoula? :-)))
Que máximo!!!
Conheço o N.E. Sagres. Também o seu irmão de língua, o N.E. Brasil (nesse tenho até uma história linnndaaaa! Lol). Agora, deste aqui só ouvira falar (e terei certamente visto em foto, mas quem não sabe é como quem não vê) nos tempos em que passei (porque passei) pela nossa Marinha (Alfeite). Como civil, refira-se.
Li atentamente a tua agradabilíssima explicação, e lá vou eu teletransportar-me para o teu Lugar da Rosa Branca! :-)
... Puf!***
('Raio de onomatopeia para um teletransporte, mas enfim! :-S)
E pensar que andava no gelo da Terra Nova...! Tão elegante como um pássaro. Obg Maria, explicação completa.
Depois de uma longa viagem...chega finalmente ao porto...
Muito bonita esta imagem
Teresa Silva
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