quarta-feira, abril 27, 2022

6. M.


Velhice

Associo a fotografia acima à velhice. A oliveira é uma árvore passível de viver centenas ou milhares de anos e bem carcomidas as vemos nos campos, algumas com rebentos. Na espécie humana raramente chegamos aos cem anos, apenas são milenares os registos de personalidades e acontecimentos que vão sendo guardados na memória da História. À medida que avançamos na idade esbarramos com a noção realista de que somos mortais. A nossa fragilidade confronta-se com a progressiva perda de capacidades que nos reduz os movimentos, o convívio social, a independência. Um sem fim de obstáculos, muros intransponíveis que por vezes nos desanimam. Valem-nos os outros muros onde nos amparamos para não perder de vista as cores que nos encantam no mundo terreno.

M

6 comentários:

Mónica disse...

Fazer dos muros intransponíveis, encostos é uma boa ideia

bettips disse...

Saberemos procurá-las e podemos encontrá-las? Às oliveiras-gente que nos amparam os anos?

mena maya disse...

As oliveiras um excelente exemplo de velhice, a tua escrita uma inspiração. Esta casa onde nos recebes também me serve de amparo. Bem-hajas por tudo!

Anónimo disse...

Sinto o mesmo
Luisa

Justine disse...

E como é duro dar de caras com essa compreensão de que somos efémeros, como é duro enfrentar a realidade dos muros intransponíveis...

Licínia Quitério disse...

A imagem perfeita para o texto, ou vice-versa.