A última viagem de comboio notável que fiz foi de Lisboa a Vila Nova de Baronia e regresso, num daqueles intervalos do confinamento por causa da pandemia. Estava farta de me sentir isolada, impedida, rodeada de notícias catastróficas, de chalupas, e resolvi ir ter com uma amiga a Vila Nova de Baronia. Sábado de calor intenso, mesmo a pedir Beja, caminhadas ao sol a escorrer suor. Lá fui. Troquei de comboio em Casa Branca, um lugar que só de nome já é bonito, e é mesmo bonito. Não me lembro se tive que usar máscara no comboio mas lembro-me que foi numa altura que só se vendiam lugares alternados, por isso não ia ninguém ao meu lado, o que foi bom. A viagem de comboio foi tranquila, correram bem os horários do transbordo, os passageiros maioritariamente jovens que finalmente iam a casa ou algo do género, iam felizes e eu também, todos aliviados do confinamento, o encontro com a minha amiga, o passeio, o regresso com uma má visão de um cavalo a afogar-se, telefonei para a GNR, parece que é assim que lá por aquelas bandas se resolvem certos assuntos, o cavalo era mesmo para morrer. Adiante, voltei para o comboio, troquei novamente em Casa Branca e regressei a casa. Abençoado comboio, por todos os motivos.
Mónica
5 comentários:
Sempre movimentadas viagens, com calor e cavalos a morrer
Luisa
Mais uma descrição muito viva com que nos presenteias.
É como um pequeno filme que desenrolas para nós. Uma curta metragem de que, desde o início, esperamos um bom fim. E foi, tirando o cavalinho...
Casa Branca: no meio do nada, uma estação de nome apelativo. Não deves saber mas era aí que paravam nos anos 60 os comboios das tropas, pelas noites dentro: e havia bifanas a vender por mulherzinhas a correr ao lado das carruagens, cheias de moços imberbes.
(fomos há uns anos rever aquele lugar)
Excelente modo de contar a tua viagem, Mónica, e muito chocante a parte onde referes o cavalo...
Um relato muito interessante dessa viagem.
Teresa
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