Na memória, e não são muitas, um Natal do final dos anos 40, início de 50. Na manhã de 25 (e nessa altura era essa a ocasião) a desilusão de ver, na chaminé, o sapatinho vazio. Bem me consolaram, mas a tristeza ficou. Até que, a meio da manhã, fui chamado à chaminé. Lá em cima, bem preso, descuido do velho das barbas, o pequeno carrinho de fricção que me encantou. Estava salvo o meu Natal. E só muitos anos depois vim a saber que o pai, funcionário na Alfândega, só naquela altura teve hipótese de me arranjar o brinquedo.
Hoje, continua a brincadeira, de outra forma. Vou andando por aí, boneco atrelado, fazendo fotos malucas.
Zé Viajante
6 comentários:
Achei muito interessante a ligação que fazes entre a fotografia e a tua história de menino. A tua chaminé, as duas chaminés do palácio, o boneco à espreita, a distância entre a realidade palaciana e a tua como cidadão comum. Gostei mesmo muito.
Mereceste o carrinho de fricção, e não acho que faças fotos malucas...
Por isso publicas tantos brinquedos no facebook e eu às vezes sem perceber o que está na tua ideia
Luisa
Coisas de pais com "o dinheiro contado" e de homens que ainda são meninos. Os brinquedos da imaginação.
Bonita fotografia e texto-
Gosto dos planos da fotografia
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