Velhice
E para falar desta última etapa da nossa vida, nada melhor do que a sensibilidade e a lucidez da poesia de Eugénio de Andrade:
Cerco
O corpo começa a consentir,
ceder, abrir fendas
com as chuvas altas,
a mostrar, quase exibir
velhas raízes, rugas, mágoas,
a secura próxima dos galhos;
o corpo, sim, ele que foi afável
e crédulo e solar – tão
indiferente agora às matinais
e despenteadas vozes:
distante e tão cercado
de apagadas águas.
(in Rente ao Dizer, Fundação Eugénio de Andrade/21, pag.54)
Justine
6 comentários:
Bonita fotografia
Sempre destilando ternura, Eugénio, mesmo falando da velhice.
Continuamos a viagem ao ritmo das nossas forças, a poesia é uma boa companheira.
Lindíssimo poema
Luisa
Tão bonito este poema. Tão verdadeiro o título, cada palavra tão cheia de sentimento.
Sensível, sensível.
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