5. M

 

Tenho dificuldade em escolher uma viagem entre as que tive a sorte de poder realizar ao longo dos anos. Porque concretizadas depois de tão desejadas, tenho com cada uma delas uma ligação muito especial. Escolho a mais recente: uma ida ao Porto em fins de novembro último. Dois dias apenas que me deram um enorme prazer. Apoiada no meu amigo bastão, por lá andei subindo e descendo ruas íngremes cheias de gente, visitei o belo Mercado do Bolhão depois de ter sido recuperado, passeei uma vez mais na Rua de Santa Catarina. Entrei na Livraria Lello onde, apesar de pejada de curiosos de diferentes nacionalidades, consegui ter uma conversa com uma das empregadas que me aconselhou dois livros que foram ao encontro dos meus interesses e saí de lá radiante. Dentro deixei os turistas a tirarem selfies na escada, tapando a beleza das madeiras e do ambiente, atrapalhando os que, como eu, não se procuravam a si mesmos. Segui depois para o Jardim da Cordoaria onde me encantei em particular com a escultura Flora de António Teixeira Lopes. Linda de morrer! Ali posta em sossego, mas em movimento sugerido, tudo nela é vivo e humano: a expressão do rosto, a delicadeza dos gestos, as flores na mão, as folhas douradas caídas a seus pés.  

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