Passo
lateralmente a este «jardim» que se deixa atravessar por linhas de
água, lenta e quase limpa reflectindo a luz ambiente e a própria
vegetação reflectindo a luz própria da vegetação em redor.
Paro. Sinto que o meu espírito se apazigua, um pouco no modo de se
interrogar calmo e contemplativo. É uma alegria
mansa,
algo de dentro, nenhuma mecânica agitada. Fotografo e reinstalo a
imagem, estabilidade quase geométrica, cada resolução desse género
se pode ligar a um estado de espírito em alegria, de distensão
mansa e grata nos modos, mesmo quando se retrata personagens ou
desastres principais.
Tudo
parece poder agregar o mesmo critério numa espécie de
exemplaridade, embora a percepção do real tenha em conta alguma
desconfiança, a existência de dois detritos, papel branco e
amarotado em baixo, outro, mais secreto e negro, aparecendo no canto
superior do enquadramento da calçada, pois já velho e de ritmo
ondular mais leve que se fazia um século atrás. Tudo isto perturba-me
(deprime) de ansiedade, perplexo com uma boneca de trapos, rasgada e
suja, que aparece lá mais adiante, como se tudo ali tivesse
destruído um pequeno universo de brincar entre simulações e
perdas.
ROCHA
DE SOUSA
6 comentários:
Sim, o desrespeito pelo ambiente é deprimente, é inibidor da alegria que a natureza nos oferece
uma questão de educação
Uma escrita inquieta, olhares diversos. O lago lembrou-me Monet, tentei ver se havia uma pontezinha ao fundo. O resto, é sinal da estupidez das pessoas comuns: agora nesta pandemia são as máscaras e os lenços simplesmente atirados ao chão. Lembro-me de um slogan: "O seu lixo também suja".
Nada mais deprimente que o lixo
Luisa
e as mascaras cirúrgicas que já se veem pelo chão?
Também me lembrei de Monet. O jardim é lindo.
O lixo no chão é mesmo uma questão de educação.
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