quarta-feira, maio 17, 2023

4. Licínia


 

O museu da imigração, na Capital da França, afirma, logo à entrada: "nem todos somos filhos de gauleses". Lá dentro, muitíssimo bem concebida, a exposição da história da imigração que em França procurou vida e alimento e deu o suor, a dor, a força incrível de ganhar outras raízes nunca perdendo de vista as primeiras, as dos seus países que, em dados momentos da História, não lhes permitiram a dignidade, a liberdade, a sobrevivência. Entre outros, em lugar destacado, ali estamos nós, os portugueses, os que, entre o "ici" e o "là-bas", construiram, limparam, serviram, reabilitaram, renovaram a grande cidade. Fotos, objectos, vídeos, testemunhos gravados, nomes de homens e mulheres-coragem que Salazar rejeitou e que outro país recebeu, com todas as grandezas e maldades que sempre sucedem a quem pede asilo e trabalho. Outras vagas estão a acontecer, de cá e de outros mundos, e o museu está atento, registando as trouxas, os pobres sacos dos que chegam sem nada a não ser a esperança de um lugar onde possam viver e criar os filhos. É este museu um lugar que se visita com um aperto no coração, donde se sai devagar, com poucas falas, porque nunca se poderá dizer absolutamente a miséria que somos, a grandeza que somos.

Licínia

4 comentários:

Anónimo disse...

Deve ser interessante este museu mas "pesado"

Teresa

Anónimo disse...

Difícil encontro com a imigração
Luisa

M. disse...

Deve ser um museu interessantíssimo. A escultura na parte exterior do edifício é bem significativa.

Justine disse...

Não conheço esse museu. aí está uma razão de força para revisitar Paris!