quinta-feira, maio 04, 2023

4. Licínia


 

Na aldeia todos se conhecem e são na maioria familiares mais ou menos chegados que entre si trocam produtos das terras que ainda vão amanhando, que velam pela segurança e bem estar dos mais velhos, que acolhem visitantes e lhes dizem, leve estas florinhas, umas alfaces, prove lá esta pinga. Não são perfeitos, são humanos, têm as suas discórdias, zangas de palavra azeda, disputas de chão que nem sempre a bem se resolvem.

Conhecem a aldeia e a vila próxima, mas são dali, da terra pequena de campos arejados, da igreja que alindam para a festa da padroeira. É o sentimento identitário que os vai salvando dos assaltantes, do isolamento, da indiferença das novas selvas.

A fé na justiça divina conforta-os, preservam os ensinamentos dos antepassados que procuram legar aos filhos, aos netos, mas sabem que o mundo mudou e também a aldeia vai perdendo a inocência.

Licínia

(A foto é de uma aldeia chamada CODEÇAL, junto à Tapada de Mafra.)

6 comentários:

Anónimo disse...

É linda
Luisa

Mónica disse...

Que bom para eles :))

bettips disse...

Como uma cascata de cores e saberes. É linda, oxalá se conserve.

Justine disse...

É exactamente essa a filosofia de vida de uma aldeia tradicional: a união, a solidariedade, a troca, a oferta de produtos que o campo dá, a entre-ajuda! É bom viver numa aldeia...

Anónimo disse...

Uma aldeia grande e bonita. Não conheço mas vou passar por lá, se encontrar o caminho.

Teresa

Zambujal disse...

O viver em comum, que um poço (a água..!.....) trazer bulha e pior. Uns passos na divisão de uma partilha vinha perturbar. Na aldeia, quando havia uma herança "um parte o outro escolhe". Mas tudo muda. E o que falta é gente, crianças!